Últimas Notícias
Home » Paraná »  “Urnas eletrônicas são uma estupidez nacional”

 “Urnas eletrônicas são uma estupidez nacional”

Vice de Eduardo Pimentel tem longo de histórico de ataques ao Sistema Eleitoral Brasileiro

No último dia 03/08, o atual vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD), foi confirmado como candidato ao cargo de prefeito nas eleições de outubro. O evento, que teve a participação do prefeito Rafael Greca (PSD), do governador Ratinho Junior (PSD) e do vice-governador Darci Piana (PSD), confirmou também o candidato a vice-prefeito da chapa. Trata-se de Paulo Martins, do PL, que foi candidato a senador nas eleições de 2022, mas não se elegeu. Ele também foi deputado federal entre 2019 e 2022.

Martins é um representante declarado do bolsonarismo na disputa eleitoral deste ano. É, talvez, o único que assumirá abertamente a ideologia da extrema direita, já que a candidatura de Cristina Graeml – também bolsonarista – está sendo contestada pela direção do PMB, partido ao qual ela pertence, e pode não disputar o pleito deste ano.

Paulo Martins, por sua vez, está confirmado pelo PL e abençoado pelo governador Ratinho – grande responsável por sua ida à chapa – e por Bolsonaro, com quem compartilha ideologias, processos e passeios de moto.

O vice candidato à prefeitura de Curitiba foge da linha “direita discreta e polida” da qual fazem parte Rafael Greca e Eduardo Pimentel. Paulo Martins sempre deixou claras suas opiniões sobre comunismo, armamento, pandemia, urnas eletrônicas, entre outros temas. Sua ideologia sempre permeou os discursos proferidos quando era deputado, os posts de suas redes sociais e as suas falas em veículos de comunicação, como a Jovem Pan e a Gazeta do Povo, onde era comentarista político.

Em suas redes sociais quase não existem postagens sobre Curitiba ou sobre os problemas da capital. A maioria dos posts são sobre política nacional (governo federal, STF) e política internacional (Venezuela, Estados Unidos).

A atuação de Paulo Martins nas redes o transformou em um dos investigados em uma ação movida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A ação é por “disseminação de Fake News” e Martins é alvo, segundo o site UOL, ao lado de Jair Bolsonaro; Valter Braga Netto; Carlos, Flávio e Eduardo Bolsonaro; Nikolas Ferreira; Carla Zambelli, entre outros.

Urnas eletrônicas

A ação do TSE, que compõe um pacote de 16 ações contra Bolsonaro, relaciona-se a ataques e conspiração contra o Sistema Eleitoral Brasileiro, que foi alvo de mentiras antes e depois das eleições de 2022. 

Importante lembrar que no dia 30/06/2023, o Colegiado do TSE declarou o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível até 2030. Foram cinco votos a favor e dois contrários. O Tribunal entendeu que ex-chefe do Executivo cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, para espalhar desinformação sobre o sistema eletrônico de votação, e atacar o Tribunal na tentativa de ter ganhos eleitorais.

A ação se deu pelo uso da estrutura da Presidência da República e do cargo para promover uma reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada.

E Paulo Martins, como ele mesmo se orgulha em dizer, também condena e levanta dúvidas sobre o sistema de urnas eletrônicas no Brasil há muitos anos. Foram diversas as ocasiões em que ele tentou deslegitimar o uso da urna eletrônica. “Dizer que o sistema do TRE é inviolável, só porque é do TRE, é bobagem. A internet está coalhada de pessoas mostrando como se frauda as urnas eletrônicas…”, disse Martins em uma live publicada em seu Facebook no dia 24/07/2017.

Confira no link : https://www.facebook.com/watch/live/?ref=watch_permalink&v=1653727607979796

A transmissão é a gravação de um comentário que ele fez no Jornal da Massa, da Rede Massa de Televisão, onde era comentarista de política.

No programa, apresentado pelo hoje deputado Denian Couto, Paulo Martins afirma que é uma burrice usar urnas eletrônicas para se ter uma contagem mais rápida de votos, já que os eleitos assumirão apenas dois meses depois do pleito, e completa “nem um país decente usa voto eletrônico, só a gente, e é só a gente que tem jabuticaba também…”.

Em outro vídeo, também publicado no seu Facebook, em 28 de agosto de 2018, Paulo Martins afirma que sempre foi um crítico das urnas eletrônicas. “Eu apanhava, lá atrás, em 2010, todo mundo dizia ‘nossa é um orgulho nacional’, orgulho estúpido, não tem porque abrir mão da recontagem de votos para ter velocidade numa decisão onde o escolhido vai assumir o cargo dois meses depois apenas”.

Confira no link: https://www.facebook.com/PauloEduardoOficial/videos/2170908493192566

Voto Impresso

No dia 10 de agosto de 2021, a Câmara Federal rejeitou a Proposta de Emenda Parlamentar (PEC) 135/19. Era a chamada PEC do Voto Impresso, de autoria da deputada Bia Kics (PL-DF) que determinava a impressão de “cédulas físicas conferíveis pelo eleitor” independentemente do meio empregado, para o registro dos votos em eleições, plebiscitos e referendos. Paulo Martins foi o presidente da comissão especial dessa PEC.

Segurança das urnas

O Tribunal Superior Eleitoral, responsável pela organização das votações brasileiras, sempre refutou as acusações de vulnerabilidade do sistema eletrônico. Em nota à imprensa na época da PEC do Voto Impresso, ele destacou que utiliza o que há de mais moderno em tecnologia para garantir “a integridade, a confiabilidade, a transparência e a autenticidade do processo eleitoral”.

“Desde que foi adotada, em 1996, a urna eletrônica já contabiliza 13 eleições gerais e municipais, além de um grande número de consultas populares e pleitos comunitários, sempre de forma bem-sucedida, sem qualquer vestígio ou comprovação de fraude”, afirmou o TSE.

O Tribunal destacou que são vários os mecanismos que garantem a segurança do sistema eletrônico nas eleições:

Off-line
A urna eletrônica não está conectada à internet ou a nenhuma outra rede, o que impossibilita a invasão por hackers

Lacres
A urna eletrônica é lacrada de modo a impedir a inserção de algum dispositivo estranho, como pen-drive. Quando se viola o lacre, o sistema da própria urna denuncia a invasão e bloqueia a comunicação com o dispositivo estranho

Testes públicos de segurança          
Meses antes de cada eleição, especialistas em computação e instituições da área de tecnologia são chamados para tentar fraudar a urna eletrônica. As brechas eventualmente descobertas são corrigidas pela Justiça Eleitoral

Biometria
Os eleitores são identificados por meio da impressão digital, o que impede que uma pessoa vote no lugar de outra ou fora de sua sessão eleitoral 

Criptografia
Os votos dados pelos eleitores na urna eletrônica são embaralhados pelo sistema, de modo a impedir que se identifique como cada pessoa votou

Votação paralela       
Em todo o país, urnas que seriam utilizadas na eleição são, por sorteio, escolhidas para um teste público. No mesmo dia da votação oficial, funcionários da Justiça Eleitoral votam em candidatos já determinados. Ao fim do dia, verifica-se se o resultado dessas urnas coincide com os votos pré-estabelecidos

Comprovantes
Antes de iniciar a votação, cada urna emite um documento, a “zerésima”, que atesta que ela ainda não guarda nenhum voto. Ao fim da votação, emite outro documento, o boletim de urna, que apresenta a apuração dos votos daquela seção eleitoral. O boletim pode ser conferido pelos partidos políticos e por qualquer cidadão

Outro lado

O Parágrafo 2 entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da chapa Eduardo Pimental/Paulo Martins pedindo uma nota de esclarecimento sobre os fatos trazidos nesta reportagem. Mas até a publicação da mesma, não tinha recebido resposta.

Antes que você saia: Apoie o jornalismo independente. Assine a campanha de financiamento coletivo do Parágrafo 2 e nos ajude a expandir a cobertura de temas ligados aos direitos humanos, moradia, imigrantes, povos indígenas, política, cultura, entre outros: https://www.catarse.me/paragrafo2

Você pode participar também da comunidade do Parágrafo 2 no WhatsApp e receber em primeira mão reportagens sobre direitos dos povos indígenas, imigrantes, liberdade religiosa, política, cultura…

É só clicar nesse link: https://chat.whatsapp.com/FoILCvfG2VW65lJZ4zWGOz

About José Pires

É Jornalista e editor do Parágrafo 2. Cobre temas ligados à luta indígena; meio ambiente; luta por moradia; realidade de imigrantes; educação; política e cultura. É assessor de imprensa do Sindicato dos Professores de Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana - SINPES e como freelancer produz conteúdo para outros veículos de jornalismo independente.

3 comments

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

*