No último dia 07/04, a Reitoria da UniCesumar de Maringá e a direção do Colégio Objetivo começaram a distribuir aos seus colaboradores um kit composto por um frasco de polivitamínico, com 60 cápsulas, e uma caixa do vermífugo ivermectina, com quatro comprimidos, ou seja, o famoso e controverso “Kit Covid”. De acordo com comunicado interno, o kit será entregue aos que estão trabalhando presidencialmente no campus de Maringá.
“A entrega do kit por parte da Instituição não se caracteriza como recomendação de uso, e sim, uma facilidade oferecida àqueles que desejam. O uso com propósitos e dosagem diferentes daquele indicado na bula deve ser feito somente com orientação de um médico de sua confiança”, ressalta o comunicado da Reitoria do campus da Unicesumar.
A universidade, que oferta o curso de Medicina, publicou recentemente o estudo de duas graduandas que refuta a eficácia do tratamento contra a Covid com remédios como ivermectina e hidroxicloroquina. O artigo foi publicado pelas estudantes Heloisa Picolotto Oliveira e Stephany Paola de Souza em outubro de 2020. “Apesar dos esforços aplicados em todo o mundo à procura de uma droga terapêutica contra o SARS-CoV-2, até o momento nenhum tratamento eficaz e seguro foi descoberto. Vale ressaltar que, apesar do recente surgimento da doença, sua rápida disseminação, contágio e mortalidade a torna preocupante”, destaca trecho do documento.
Segundo a Associação Médica Brasileira (AMB), os medicamentos do Kit Covid não têm eficácia contra a doença. “Reafirmamos que, infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da covid-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida”, diz texto do boletim do Comitê Extraordinário de Monitoramento da Covid-19, assinado por 54 sociedades científicas das mais diferentes especialidades e as 27 associações médicas estaduais.
Defendido pelo presidente Jair Bolsonaro como estratégia de combate ao coronavírus, o chamado “kit covid” ou “tratamento precoce”, na verdade, contribui para aumentar o número de mortes de pacientes graves, disseram à BBC News Brasil diretores de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de hospitais de referência. Mas, para 15% ou 20% que precisam de internação, essas drogas, segundo eles, podem prejudicar o tratamento no hospital e contribuir para a morte de pacientes.
No dia 24 de março o Parágrafo 2 noticiou a iniciativa da Provopar Paraná em fornecer consultas gratuitas a pacientes com suspeita de Covid-19 e também a distribuição gratuita do chamado “Kit Covid”. A reportagem serviu de base para denúncia da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia junta ao Ministério Público.
O Parágrafo 2 entrou em contato com a assessoria da Unicesumar questionando as informações trazidas nesta matéria, mas não recebeu resposta.