Após três anos itinerante, Mariano busca com seu inconfundível chimichurri, um endereço para apresentar ao público brasileiro um cardápio completo inspirado na culinária de rua argentina.
Troque os carrinhos de cachorro-quente prensado das ruas de Curitiba por grelhas flamejantes e pães com linguiça e terá uma noção do que reina em Córdoba, na Argentina. Foi nesta terra, onde há um monumento e até campeonato mundial de choripán, que Mariano Rodríguez nasceu e cresceu. O lugar é a Meca do chorizo con pán y salsa chimichurri. Praquelas bandas a iguaria é encontrada facilmente nas ruas 24 horas por dia.
Mariano está no Brasil há 17 anos. Neste tempo já preencheu quase duas carteiras de trabalho. Ele foi fotógrafo, vitrinista, body piercing, gerente de livraria, recepcionista de hotel (durante a copa do mundo), gerente de pousada. O cara é quase um Homer Simpson trilíngue, com passagens pela ilha do mel e sabe Deus mais por onde em seus quase 40 anos de vida. Porém, nos últimos três ele tem se dedicado quase que exclusivamente ao Chimichurri. Nada mais natural para quem nasceu comendo choripán, fazer disso o seu ganha pão.
O molho chimichurri é um acompanhamento tradicional usado no Uruguai e na Argentina. Não há uma receita certa ou errada. Cada família, cada churrasqueiro tem o seu. Obviamente o do Mariano foi uma criação dele, tem pitadas do que aprendeu com sua mãe, avó, e das andanças pelo mundo. No comércio, é mais comum encontrarmos o chimichurri seco/desidratado. Aí que está um dos diferenciais do molho do Mariano: ele usa as verduras frescas, picadas e mergulhadas em azeite. “Por isso é tão único, por que eu criei aqui. Se tivesse na Argentina talvez não faria assim, porque lá se usa mais desidratado. O meu tem o sabor do chimichurri, mas com as verduras frescas”.
Desde que chegou ao Brasil, Mariano tem a ideia de vender pratos de sua terra natal. ”Puta, que lindo seria vender comidas argentinas”, sonhava o hermano. Há uns oito anos atrás fez sua primeira investida vendendo hambúrgueres grelhados acompanhados com molho chimichurri, porém era outra receita. Também produziu e vendeu empanadas por um tempo.
O empreendimento com este nome, receita e sabor começou mesmo há cerca de três anos, com um carrinho da Rua Augusto Stresser, no bairro Hugo Lange. “Fiquei 15 dias e a prefeitura apareceu”. Mudou-se para o Mercês, na Rua Portugal, e após dois meses pilotou seu carrinho em direção ao Hostel Backpackers no São Francisco. Ali o Chimichurri permaneceu por dois anos e fez seu nome. Marino chamava atenção pelo atendimento diferenciado. Ao longo do tempo promoveu eventos, como o “Chimichurri Baby”, e movimentou o local ao lado de diversos parceiros, sempre “unindo mundos” como ele mesmo diz. Em seu mais recente passo, o chimichurri foi desmembrado em duas frentes, ocupando as cozinhas Curitibanas da Sociedade 13 de Maio e do Bar do Fogo. Agora, inspirado pelos acontecimentos locais e nacionais, Mariano Rodríguez desencadeou o seu próprio movimento #MarianoLibre, que é mais um passo em direção à abertura de um ponto fixo para o projeto Chimichurri com CEP, porta, mesas, cadeiras, ideias e ideais.
O novo Chimichurri
Mariano procura um parceiro investidor para colocar o projeto do novo Chimichurri em prática. A ideia é abrir “una puertita” para abrigar a riqueza cultural e a culinária de rua argentina. Servir aos clientes café, almoço e uns “bocadillos” para o Happy Hour. “Quero que o Chimichurri venda almoço, venda alimentação. Claro que a bebida vai acompanhar, porque sou uma pessoa noturna. Tenho muitos amigos de bar. Mas a ideia é que seja um restaurante. Uma parillada, como se fala na Argentina.”
Atualmente o Chimichurri serve três pratos: o choripán, o chimiburguer e a hortência (vegano). Com o restaurante, Mariano já tem um cardápio novo e completo em mente, incluindo prato feito, passando por espetinhos, churros e pitadas de marketing, como o Alfajor de Carne, que só com a porta aberta veremos do que se trata. “As possibilidades são enormes. Até hoje o Chimichurri se manteve assim, pequeno, porque foi em lugares pequenos. Venda fácil, rápida, para que o cliente seja satisfeito rápido. Mas sempre como uma coisa gostosa e única. [Para o restaurante] eu sonhei servir nas mesas com mini-grelhas como se faz na argentina. A ideia do novo Chimichurri é servir os Brochets, que é o espetinho brasileiro só que ao estilo argentino”. Para o almoço a opção seria um grelhado com acompanhamento, num valor acessível. “Um prato-feito-louco, como eu gostaria de comer”.
Além de pratos que irão compor o cardápio, Mariano tem pronta a identidade visual da puertita. “Colocar o carrinho do Chimichurri na frente e uma bicicleta pintada de vermelho com uma caixinha para fazer suas vendas rápidas de empanadas e Alfajor (os tradicionais). Também tenho algumas peças de marketing, como banners e quadros, sem falar da página no Facebook. Está tudo aí”.
Figura conhecida na boemia e entre os artistas da noite curitibana, sobretudo daqueles que transitam e se apresentam na região do São Francisco, é natural imaginar que com o Chimichurri abrindo as portas a arte estará entre as primeiras a ocupar o recinto. “É claro que este lado cultural vai ser incrível, eu quero tudo. Batucada, poesia, oficinas”, revela empolgado o hermano. E é nessa empolgação e expectativa que os amigos y clientes aguardam a próxima parada do choripán, chimiburguer, do sotaque, das histórias e, é óbvio, do Chimichurri do Mariano.
Chimichurri no facebook
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Revisão: Anita Ramalho
Fotos: Divulgação Chimichurri