Coluna Versando
Tem algo estranho e pesado nesses tempos nublados.
Não vejo rostos de sorrisos largos,
Mas vejo semblantes desconfiados em corpos retesados,
Uns esperando e outros cuidando
Para que o ora escondido e obscuro não seja revelado.
Tempos pesados esses, que fazem dos momentos
Durarem uma eternidade,
Que no vazio se desloca sem sair do lugar.
Pelas esquinas vendem-se almas sujas,
Rastejadores noturnos estão em promoção
Bebendo do imundo cálice da hipocrisia.
Vomitando falácias pró humanidade,
Abraçando-se estão as bactérias
Numa pervertida comédia.
O mercado travestido de ferro, cimento e petróleo
Abre os braços envolvendo a todos.
E como se assistisse a um filme
Vou imaginando as cenas dos próximos capítulos.
Não é digno vivermos nesse submundo
Para o qual estamos sendo empurrados
É preciso desinstalar o que vem sendo programado,
Para que o caminho já percorrido
Não seja todo no abismo jogado.