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Sociedade 13 de Maio comemora 130 anos neste Domingo

O segundo clube mais antigo do Brasil comemora seus 130 anos de resistência abrindo suas portas às 15 horas da tarde e rompendo a madrugada com uma programação variada, respeitando as raízes que tornaram casa um marco na história e cultura curitibana. Porém, nem mesmo os três dígitos que anunciam a longevidade da sociedade chamaram a atenção e o apoio dos governantes e empresários da capital paranaense.

por Mário Costa e Everton Mossato

A Sociedade Operária Beneficente 13 de maio foi fundada na verdade em 6 de junho de 1888. Idealizada por negros libertos como entidade beneficente com intuito de auxiliar a comunidade negra, historicamente é reconhecida como um espaço de difusão da cultura de matrizes africanas, aberto ao debate social, a propostas educativas, de lutas políticas e pela quebra das barreiras de segregação, um ambiente livre e de confraternização para todas as classes.  A instituição abriga a coletividade sobre a estrela de Salomão, um símbolo de proteção contra maus espíritos, num espaço de preservação da cultura com oficinas de capoeira, danças caboclas e indígenas, maracatu, ritmos africanos e bailes.

O presidente, Álvaro da Silva, a frente da sociedade há 40 anos, rodeado por bustos de representações religiosas católicas, a flâmula do Paraná Clube e um quadro de menção honrosa a “13”, como se refere ao espaço, dos tempos do seu pai, Euclides da Silva, um negro elegante, de porte, um janota. Em tom paternal tinha a preocupação em dar continuidade a história construída. “Meu pai falava cuide da 13, aqui é o espaço do negro, era pra cá onde o negro vinha quando precisa de assistência, estava doente, procurando emprego, meu pai era um homem muito fino e eu não chego nem no dedo da unha dele” diz.

Adepto às tradições confessa certo ressentimento da Sociedade 13 de maio ter perdido a relevância para a cidade, sendo o segundo clube mais antigo do Brasil a ser fundado, entretanto, entre altos e baixos resiste ao tempo.

Porém, Sr. Álvaro da Silva explica que o espaço sofreu também conforme os anos foram passando “tínhamos uma sessão solene no começo de cada baile e fomos reduzindo, fazendo de uma forma mais simples as formalidades até acabar, as pessoas não podiam entrar de tênis, boné, a negrada vestia terno, gravata e sapato, bonito pra chuchu” enfatiza.  A Sociedade por agregar a diversidade e pelo que representa, já foi ponto de encontro da alta sociedade com a presença de pessoas importantes, artistas e pessoas públicas. E, ainda mantêm a relevância cultural para eventos artísticos de destaque no cenário nacional como as festividades da Oficina de Música e do Festival de Curitiba.

A Sociedade 13 de Maio é de suma importância para a cultura negra. Não apenas pelo seu passado, mas sobretudo pelo papel que desempenha atualmente e o impacto que terá nas gerações futuras. O espaço é um rompimento das barreiras sociais da égide de que jamais seremos escravizados novamente, um grito de liberdade para nascidos de um vente livre sejam eles de qualquer cor. Na construção da Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora dos Pinhais ou nos monumentos de Erbo Stenzel como a negra a frente do Paço da Liberdade, a memória resiste nos povos de boa alma e esta fortemente enraizada nas edificações de Curitiba.

As comemorações dos 130 anos da Sociedade Operária Beneficente 13 de maio terá uma seção solene com a presença de autoridades, apresentações das oficinas, grupos artísticos e o tradicional forró de domingo da banda Areia Branca que acontece há 10 anos. Como diz o presidente, Sr. Álvaro da Silva, “Segundo o estatuto: aqui começa pelo ferreiro e termina pelo doutor” conclui o  presidente.

Programação Aniversário 13 de maio – 130 anos de resistência

11h – Missa na Igreja do Rosário

15h – Abertura da Casa

15h30 – Roda de Capoeira

17h00 Roda de Samba Maria Navalha,

20h00 Sessão Solene de Comemoração com o Grupo Divina Luz – Convida Mãe Orminda

20h30 Forró com Areia Branca.

Ingresso para baile a R$ 20,00.

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About Mario Luiz Costa Junior

Jornalista e Músico, integrante colaborador do Parágrafo 2. Cronista urbano e repórter de cultura e sociedade, tem como referência os textos literários e jornalísticos de Gabriel Garcia Márquez e Nelson Rodrigues, da lírica de Cartola e da confluência de outras artes, como o cinema, no retrato do cotidiano no enfoque da notícia. Acredita que viver é um ato resiliente no caminho de pedra para a luz.