Coluna Requadro 2
“O estilo do prazo”
é como John Romita Jr, desenhista de HQ chama seu estilo. Adaptado ao furor das produções e “prazo pra ontem” Romita teve que simplificar seu traço, tornando-o odiado por uns, amado por outros (eu particularmente gosto da arte dele).
Estilos de desenhos nas história em quadrinhos são bem diversificados, mas quando eu abro o facebook e meu amigo Peterson comenta que em um fórum por aí nos confins da internet tinha um tópico de discussões para falar mal de detalhes da arte do Alex Ross é porque tem algo muito errado com o mundo.
Se até Alex Ross cai nas garras dos catadores de piolho imagine este que vos escreve. Os que conhecem minha arte sabem bem que não disponho de conhecimentos anatômicos profundos, cenários então eu deixo a desejar. Tive que criar meu próprio “estilo do prazo” para poder colocar no papel o máximo de ideias possíveis em pouco tempo, afinal fora a vida dos quadrinhos eu preciso arrumar um emprego de verdade para me manter, quisera eu ganhar dinheiro desenhando.
Para você que está iniciando nessa área, já cansou de desenhar as 30 transformações dos personagens de Dragon Ball e está desenvolvendo um estilo próprio vou passar algumas dicas.
Primeiramente, tome cuidado com o plágio.
Parece algo bobo, mas a reprodução de arte é algo sério, então se fizer uma releitura, atente em colocar sempre o nome do artista original. Eu mesmo já tive projetos copiados (não de desenho, ainda bem, longa história, eu conto algum dia), então é bom ficar atento, a mera postagem sem a referência nos leva a crer que foi você o criador daquela composição, a fanart de uma fanart é um terreno perigoso se você não souber valorizar. E jogar um filtro do Photoshop sobre uma arte já existente não faz de você um artista, não na minha opinião, pelo menos.
Quando comercializar minha HQ dos Extragenes era um sonho distante eu usava apenas fotos encontradas no Google como cenários, ajustava um Poster Edges ali e estava tudo certo. Servia para contar a historinha em uma roda seleta de amigos, mas se eu quisesse dar um passo maior eu teria que parar de engambelar.
Artista em geral gosta de ser reconhecido, ele gasta horas ali pensando numa solução, numa arte criativa (e criatividade exige um certo feeling) e de repente ele vê sua arte pendurada em alguma página da internet, sem os devidos créditos, bom, isso é um tanto desanimador.
Um amigo meu possui ótimas ideias para ilustrações, em geral fanart, e como ele trabalha com vendas de produtos da cultura pop desenhou um Batman e imprimiu em uma caneca. Apesar de ser um personagem da DC Comics a arte era original e ele a fez específica para a caneca. Em um curto período de tempo a mesma caneca estava à venda em outro site.
Qual então é o limite para isso? A lei deixa algumas lacunas nesse caso, portanto devemos sempre partir do bom senso.
Treinem referências de fotos, é ótimo para ter uma noção de proporção e anatomia, mas tomem cuidado com as referências usadas. Se seu objetivo for o de fazer história em quadrinhos assim como eu, tentem não usar referências já saturadas das “heroínas gostosas”. Muitas vezes as primeiras tentativas nos trazem estereótipos que acabam forçando a intenção do artista, como no caso da tentativa de mostrar peitos e bunda simultaneamente na mesma imagem, perpetuando isso em toda cena de ação (ou até mesmo nas cenas de descontração), esse giro dorsal de 180 graus parece normal à primeira vista, mas como o tempo nos tocamos do quão perto do contorcionismo isso está (eu mesmo já devo ter feito muito isso). Claro que para algumas situações podemos alegar “estilo” (e eu até compro fácil essa história de “estilo”), o problema é quando esse estilo segue apenas heranças gráficas de outros tempos. Devemos acompanhar o fluxo da coisa, pois apesar de estilos particulares, existe uma evolução social toda envolvida nisso, e algumas coisas não cabem mais, outras sim.

Peitos e bunda forçados na mesma imagem, a tentativa demasiada de sensualizar as vezes pode ter resultados estranhos como nessa imagem de Banzai Girls
É bem provável que eu ainda esteja preso a muitos desses vícios trazidos lá dos anos 90, quando músculos saltados e cinturas torcidas ocupavam uma página dupla no meio de um gibi, não que eu esteja reclamando, era o estilo da época. O problema muitas vezes talvez seja o contexto da cena.
Nem de longe me comparo aos sujeitos que estão na indústria, tenho que ralar muito para chegar nesse nível, mesmo dos que eu critico por um detalhe ou outro. Espero que aproveitem essas dicas, seja para fazer uma HQ ou apenas uma ilustração, ou até mesmo para olhar com outros olhos a arte alheia.
Até a próxima.

Quadro da HQ Darkchylde, a personagem acorda assustada. Um tanto exagerada na minha opinião; ao lado uma releitura.
A releitura foi tirada do tumblr http://eschergirls.tumblr.com/
Quer conhecer um pouco mais da minha HQ? acesse: https://www.facebook.
Caso queiram adquirir a caneca da imagem, acessem https://www.facebook.