Parágrafo 2

Religião, tortura e pena de morte: Práticas indissociáveis

Coluna Autofagia

Historicamente, a religião apropriou-se da tortura e da pena de morte para impor sua “verdade” e assim manter o controle das sociedades. Sócrates foi o primeiro homem a desafiar o poder – no caso a aristocracia ateniense – e seu destino foi a pena de morte por envenenamento com Cicuta.

       No âmbito cristão – ironia que a religião seja assim chamada – Cristo foi torturado e condenado à morte por questionar os poderosos – os judeus – e defender as minorias. Antes que seu destino fosse consumado na cruz, Jesus passou por sessões intermináveis de dor e humilhação.

       Na idade média, a inquisição medieval, inquisição Episcopal ou inquisição papal permitia que subversivos (aqueles que discordavam da igreja ou que professavam outras religiões) fossem torturados, como a separação de membros, e depois queimados em praças públicas.

       Já na idade moderna, observamos mais uma vez a religião de mãos dadas com a tortura e a pena capital no episódio de caça às bruxas pelos puritanos, em Massachusetts, àqueles que tentavam divulgar a doutrina Quaker. Vinte mulheres foram mortas e outras cento e cinquenta torturadas e presas.

       Nos dias atuais, especialmente nesta grave crise política, econômica, social e humana em que vivemos, o pensamento apócrifo de combate à violência por meio do extermínio traz à tona o apreço da religião por métodos primitivos.

        O discurso de apreço à vida não passa de uma ideia falaciosa, cujo objetivo principal é a consolidação do poder por meio da força, do medo e do totalitarismo religioso. Neste sentido, a religião, aliada a políticas que visam a manutenção do poder, nunca se preocupou com a violência de modo humano, mas sim, com a manutenção do status quo.

        Aliar a tortura e a pena de morte ao combate à violência é, portanto, um desvio do real interesse nesta questão. Não há precedentes na história de que estas práticas reduziram a violência. Muito pelo contrário, direcionaram, e ainda direcionam, a um grupo específico a truculência do estado com a anuência de comunidades religiosas.

 

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