Artigo
Um meme circulando no Instagram dizia uma irônica e triste verdade:
“Ensino híbrido é ir pra aula num dia e no outro ficar em casa pra contaminar a família”.
Nesta terça-feira (04), o governador Ratinho afirmou que as aulas presenciais da rede estadual vão voltar em modelo híbrido a partir de segunda-feira (10). O retorno vai acontecer, inicialmente, em cidades que já voltaram com as atividades presenciais e com o transporte escolar. De acordo com a Secretaria Estadual da Educação, a volta acontece em cerca de 200 escolas. Mas a retomada deve ser gradativa para o restante dos colégios em todos os municípios do estado.
Em março, o governador afirmou que as aulas só voltariam depois da vacinação dos professores. Agora, depois da pressão do sindicato que representa as escolas particulares (Sinepe), de deputados aliados ao governo e, pasmem, do Ministério Público do Paraná, ele volta atrás e diz que o retorno vai acontecer.
Mas pondera que a volta se dá paralelamente com a vacinação contra a Covid-19 dos profissionais da educação. Segundo Ratinho, 8 mil profissionais da educação que têm mais de 60 anos já foram imunizados e o plano estadual prevê a vacinação de mais 32 mil profissionais de educação das redes estadual, municipal e privada com o lote de doses recebido na segunda-feira (3). O Paraná, no entanto, tem mais de 169 mil trabalhadores da área de educação nas redes municipais e estadual.
Ou seja, o governador decreta a volta às aulas presenciais tendo vacinado apenas 4,7% dos profissionais de educação do estado e com a intenção de vacinar mais 18%. Restarão ainda 77,3% destes trabalhadores sem vacina, expostos diariamente ao vírus.
A infecção em sala de aula é uma realidade. Estudo sobre casos de Covid-19 nas escolas estaduais paulistas, produzido pela Rede Escola Pública e Universidade (Repu), revela que a incidência de covid-19 entre educadores foi quase três vezes maior do que na população estadual de mesma faixa etária (25 a 59 anos). O levantamento também demonstra que a taxa de crescimento de casos durante a chamada “segunda onda” também é maior do que se supunha. Entre 7 de fevereiro e 6 de março, período de volta às aulas no Estado de São Paulo, o crescimento da incidência de covid-19 entre professores foi de 138%, ante uma alta de 81% na população de 25 a 59 anos.
Casos e óbitos em menores de 18 anos saltam no Paraná
Em 90 dias, a média de infecção pelo coronavírus entre crianças e adolescentes triplicou no estado. Do mês de março ao mês de novembro do ano passado, uma média de 3.387 menores de 18 anos se infectaram pela doença, por mês. Já de dezembro a fevereiro deste ano, a média foi de 10.122 crianças e adolescentes que contraíram a Covid-19, a cada mês. E a média mensal de mortes na faixa etária dobrou, subindo de 2 para 4 por mês, na comparação entre os períodos. De março a novembro, 20 crianças e adolescentes morreram em decorrência da Covid-19. De dezembro a fevereiro, 11 mortes foram confirmadas.
Até agora, mais de 90 mil crianças e adolescentes se infectaram com Coronavírus no estado do Paraná.
A esses dados podemos somar a previsão de especialistas (especialistas de verdade) sobre maio e junho quando o país deve viver novamente momentos trágicos de infecções e mortes.
E o resultado?
Não será nada bom.