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Que as vozes das mulheres reacendam a chama da liberdade que brilha em cada um de nós

Coluna Filosofia Di vina 

A luta não pode parar

Agora é hora de repensar, reorganizar e não deixar que as lágrimas dos milhares que já lutaram por liberdade, e ainda lutam, ofusquem nossa visão. Não deixar que o sangue dos que se foram pelo sonho de um mundo melhor seque em vão e se torne somente uma marca dolorosa do passado. Que as lágrimas e o sangue reguem ainda mais a rosa que temos no peito, a rosa da coragem de sonhar por um mundo que pode e deve ser melhor.

O saldo das últimas eleições é negativo do ponto de vista democrático, entendendo a democracia não apenas como um processo eleitoral, mas uma democracia efetiva com a participação de todos e todas em todas as esferas e durante os próximos quatro anos. Respeitar o resultado das urnas é obrigação constitucional, porém é obrigação cidadã acusar uma campanha feita a partir de mentiras, covardia, e obscurantismo e nenhum debate!

A organização entre partidos, movimentos sociais e sociedade civil formada no segundo turno das eleições não pode se dissolver, antes disso é necessário se fortalecer. O que houve em 2018 é a continuidade de 2016.

Enquanto a senzala aplaude o banquete da casa grande e os cães de guarda salivam para agir uma nuvem cinzenta cobre nosso sol, porém, sabemos que ele está lá, pronto para brilhar. Não podemos esquecer que 89.504.543 no total não votaram a favor do projeto de governo que se terá a parti de 2019.

O medo deve se transformar em cautela, porém jamais em covardia. Que as trincheiras sejam fortalecidas pelo eco das vozes das mulheres, que a brasa da liberdade se torne chama cada vez que soprada pelo inimigo.

As mulheres nos trazem uma mensagem de coragem, no romantismo revolucionário das lutas seus versos nos renovam as forças, que estas três canções embalem nossos sonhos e que o eco de suas vozes se faça ouvir nos campos, nas ruas, nas reservas, nas escolas e universidades, que ecoe dentro de cada um de nós.

Primeiro Joan Baez, cantava o seguinte versos:

No Nos Moveran. (Não nos moverão)

“Suba a nascer comigo, irmão

Dê-me a mão desde a profunda zona de sua dor disseminada

Não voltarás do fundo das pedras

Não voltarás do tempo subterrâneo

Não voltará tua voz endurecida

Não voltarão teus olhos perfurados

Eu venho falar por vossa boca morta

Através da terra junto a todos os silenciosos lábios derramados

E desde o fundo, falar toda esta longa noite

Como se estivesse com vós ancorado

Conta-me tudo, cadeia a cadeia, elo

A elo, e passo a passo

Afia as facas que guardastes

Ponha-nas em meu peito e em minha mão como um rio de raios amarelos

Como um rio de tigres enterrados

E deixai-me chorar horas, dias, anos, idades cegas, séculos estelares

Dai-me o silêncio, a água, a esperança

Dai-me a luta, o ferro, os vulcões

Agarra-me os corpos com I’mãs

Apressai a minhas veias e minha boca

Falai por minhas palavras e meu sangue

Não, não, não nos moverão! Não, não nos moverão!

Como uma árvore firme junto ao rio

Não nos moverão”

Por segundo duas da grande Mercedes Sosa:

Solo Le pido a dios (Eu só peço a Deus)

“Eu Só Peço a Deus

Eu só peço a Deus

Que a dor não me seja indiferente

Que a seca morte não me encontre

Vazia e sozinha sem ter feito o suficiente

 

Eu só peço a Deus

Que a guerra não me seja indiferente

É um monstro grande e pisa forte

Toda a pobre inocência da gente”

E por fim, outro recado de Mercedes Sosa que vence o tempo:

Hermano Dame Tu Mano (Irmão dê-me tua mão)

“Irmão me dê sua mão vamos juntos buscar

Uma coisa pequenina que se chama liberdade

Esta é a hora primeira, este é o lugar certo

Abre a porta que lá fora a terra já não aguenta mais”

Que nossa luta seja também feita de versos, e nossos versos sejam feitos de luta!

29.10.2018.

About Rafael Pires de Mello

Rafael Pires de Mello é formado em filosofia pela UFPR, gosta de inutensílios como cinema,literatura,música e é claro o maior de todos, filosofia. Tem a tendência de chorar com música romântica quando bebe demais.