O PROJETO.
Na Grécia antiga, a Ágora era um espaço público para tratar dos assuntos relacionados à Polis. O Projeto Ágora é uma oficina de construção de textos, aplicado em duas escolas da Região Metropolitana de Curitiba, na cidade de Pinhais. Ele faz parte de uma dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Filosofia – Mestrado Profissional PROF-FILO (PRPPG/UFPR)
DESENVOLVIMENTO.
A aplicação do projeto ocorreu nos últimos meses de 2021 devido à pandemia de COVID-19, que modificou o modelo de aulas no Paraná, tornando-as semipresenciais. Foram envolvidas duas escolas, uma pública e uma privada, estudantes do segundo ano médio, matutino, do Colégio Destaque e estudantes do terceiro ano médio, noturno, do Colégio Estadual Paulo Freire.
As etapas da aplicação foram divididas em três partes. A primeira foi a leitura de trechos de textos filosóficos, no caso, a produção de juventude de Karl Marx: “Manuscritos econômico-filosóficos” e “Ideologia alemã”. Da leitura, foram analisados os conceitos de “alienação e ideologia” contidos nos clássicos. Após leitura e discussão dos textos, houve a aproximação entre o cotidiano dos estudantes e os conceitos filosóficos e mais discussão.
O desenvolvimento da oficina se deu a partir da perspectiva do pensador brasileiro Paulo Freire e consistiu nas ideias contidas em dois livros chave para o pensamento do autor: “Pedagogia da autonomia” e “Pedagogia do oprimido”. A prática em sala ocorreu como uma construção. O tema trazido pelos estudantes, em grupos, discutido em sala com os outros grupos e depois uma análise dos temas à contrapelo dos conceitos filosóficos contidos em Marx, suas aproximações ou seus distanciamentos. A produção dos textos se deu no dia a dia das aulas, que, na verdade, viraram grandes assembleias de debates, por vezes bem calorosos. O objetivo era levar os textos a um resultado que pudesse ser vinculado em um meio jornalístico digital, no caso, a parceria com o site Parágrafo 2 que, desde 2015, é um espaço de pluralidade cultural e de pautas importantíssimas para a sociedade brasileira, em específico, no Paraná. A ideia de tornar público os debates ocorridos em sala se dá em duas dimensões, de um lado, valorizar a construção, pesquisa e debate dos estudantes e, por outro, manter acesa a chama da tradição iluminista de que a prática da filosofia é pensar em voz alta, pensar em público. Os textos que seguirão nesta série de publicações são o resultado desses embates, onde o professor, mais um nessa Ágora, colaborou com provocações, teorias e edição final. Nos textos, fica evidente, como propôs Marx, que somos resultados de um processo histórico, não passivos, mas atuantes nesse resultado e no mundo que nos circunda. Como sair da menoridade intelectual é aprender a pensar por si só, como dizia Kant, os estudantes tiveram uma importante ferramenta teórica trazida da tradição dialética do materialismo histórico, uma lupa que pôde proporcionar ver onde ocorrem as alienações e as construções ideológicas. Como faz parte da tradição filosófica grega, fica ao público o julgamento de tudo isso.