Por Mário Costa
Meu penúltimo encontro com Richard Roch foi há alguns anos nas escadarias da Reitoria, na UFPR, próximo de onde moro hoje. Conversamos sobre o momento pesado que passava o término de um relacionamento e outros problemas. Conversamos durante horas até o final da tarde quando me convidou para irmos ao seu apartamento no Santa Quitéria comer um macarrão, mas declinei. Pegou a bike verde, que descobri que fora roubada por um vacilo, e foi embora.
No nosso último encontro, bem mais alegre já em minha casa com direito a cigarro de tabaco e café, em tempos de pandemia, conversamos sobre música, faculdade, relacionamentos e o mais importante dos assuntos, sobre escrever. Richard me concedeu um dos exemplares de “Preto de Alma Preta” seu livro de estreia, que confesso demorei para ler, mas quando o li foi numa sentada. Nostálgico e sagaz, muito bom. Uma pílula de entretenimento.
Os contos de Preto de Alma Preta fizeram-me retornar a juventude a relação com meus pais, o futeba na cancha de areia ou de cimento, trabalhar com meu velho para comprar uma roupa nova e dar valor ao dinheiro, dar o migué quando vai no mercado e se demorar mais do que o normal e o devido, parar no meio do caminho para conversar com a piazada, “pô, mãe tinha fila no mercado”. Dei muita risada e consegui ver através de seus olhos de contista, de dentro da sua alma preta, as situações acontecendo como a história D.C de um coroinha vida loca, inocente, que aporrinha o padre com as mulequices e tagarelices da idade, irreverente. São Tarcísio segundo vida loca da história o primeiro foi Dimas. Leia o livro.
As primeiras histórias de Richard Roch começaram na faculdade de Jornalismo da PUCPR, pelo menos as primeiras que tive contato, no Blog Isso Me Faz Bem Porra! Era uma escrita gostosa, fluída e complexa, com reviravoltas, idas e vindas, com minucias de detalhes do escritor que observa o objeto de fora e as análise e nos envolve. Andava pela PUC, cabelo comprido, tênis All Star modelo Skid Grip, às vezes, quase sempre, com a camisa do Atlhético Paranaense, Ipod, fone de ouvido, mãos nos bolsos, sorrisão, pegávamos o ônibus sentido Fazendinha ele ia pra casa e eu trabalhar na Positivo informática. O tempo passou não formei na mesma turma tive uns empecilhos, meus pais morreram, mudei de emprego e de turno na faculdade. Richard entrou na UFPR no curso de Ciências Sociais, aliás tem uma boa sacada sobre o primeiro dia de aula no livro Ahh! Se meu pai soubesse.
A bem da verdade é que ao ler Preto de Alma Preta me senti próximo de alguém que há muito não via, trouxe um presente que não era apenas o seu livro e a nostalgia do que fica no tempo. Trouxe a razão pela qual ainda estamos de pé, eu e Richard, apesar dos problemas que nos afrontam no cotidiano, trouxe a vontade de escrever, o motivo. Não importa as críticas, a vergonha, as crises, ideologias, a escrita é esse trampo mesmo seja para um livro, na composição de uma música, para um documentário, o porquê fazemos, isto é, porque isto nos faz bem porra!
Preto de Alma Preta livro de estreia de Richard Roch, que já tem outros trabalhos no forno, é um bom livro, engraçado, nostálgico, intimo, vale a pena. Richard também é roteirista do vídeo Suporte Caseiro para Moto G na Bike e também está arrecadando fundos na campanha de pré-venda do livro Maratonistas do Quênia que você caro leitor pode contribuir, ajuda lá. Enfim, espero que ao adentrar as páginas deste sagaz escritor também se sinta um pouco em casa tomando café e fumando um cigarro, um pouco seu amigo tocando violão na sala e encontre nesta obra a sua alma preta, a sua história vista pelos olhos de outra pessoa.
Serviço
Editora Medusa – Livro Preto de Alma Preta
https://editoramedusa.com.br/loja/preto-de-alma-preta/
Preto de Alma Preta vídeo divulgação
https://www.youtube.com/watch?v=HSZjw7Css8I
Curta Metragem – Suporte Caseiro para Moto G na Bike
https://www.youtube.com/watch?v=e61DsThFApg
Campanha pré-venda Maratonistas do Quênia
https://benfeitoria.com/maratonistas?lang=ptbr