Vive-se, no Brasil, uma situação crítica com relação à doação de órgãos, visto que, segundo o jornal O Globo, em matéria publicada em 07/2019, as famílias não autorizam a doação em cerca de 50% dos casos. Isso acontece, em parte, porque os familiares desconhecem o procedimento e conceitos básicos como morte encefálica, duvidando da segurança da doação. Além disso, trata-se de uma pauta pouco explorada, tanto em campanhas governamentais, quanto em outras esferas, como a escolar, dificultando que a população assimile a importância desse ato e fique ciente dos pormenores do assunto.
A princípio, é relevante ressaltar que uma parte muito pequena das mortes encefálicas é revertida em doação de órgãos. De acordo com a ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), apenas 1.800 doações, das 6 mil possíveis em 2012, foram autorizadas pelas famílias dos pacientes com morte cerebral. Dessa forma, é possível aferir que, por conta da falta de esclarecimento desses indivíduos acerca do processo de retirada dos órgãos, a tendência natural é a negação, já que são poucas as campanhas sobre o tema, sejam as veiculadas na televisão ou nas redes sociais. Diante disso, há as pessoas que acreditam que pode haver até roubo dos órgãos como forma de corrupção nos hospitais, complicando a situação de quem aguarda na lista de transplantes.
Apesar de existir um bom funcionamento das instituições de saúde quanto aos transplantes de órgãos, segundo o jornal O Globo (09/2017), 93% dos procedimentos são feitos pelo SUS, pouco investe-se na assimilação individual acerca da importância da doação. Esse assunto e seus devidos esclarecimentos não são pautas comuns nas escolas, desde o ensino fundamental até o ensino médio, nem mesmo nas aulas de biologia, que trata do corpo humano. Por conta disso, a temática fica pouco explorada e, em um eventual momento de decisão, a família reage com surpresa à sugestão dos médicos sobre a importância da retirada dos órgãos, não autorizando-a, devido ao desconhecimento e ao choque de uma situação delicada.
É necessário que o obstáculo da desinformação e do desconhecimento sejam superados com o fito de aumentar a quantidade de doações de órgãos. Assim, é dever do Ministério da Educação, por meio da modificação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), incluir o ensino detalhado do procedimento e da importância da doação de órgãos nas aulas de biologia destinadas ao Ensino Médio, com o intuito de introduzir previamente o conhecimento aos cidadãos brasileiros e garantir que, em uma possível decisão que tenham de tomar sobre o assunto, estejam em plenas condições de decidir conscientemente. Não visando apenas o bem comercial econômico através do ensino, mas para o conhecimento estudantil e a conscientização, enfatizando o modo como é apresentado esse tema para os alunos, proporcionando total entendimento sobre esse assunto tão importante. Se a sociedade voltasse seu olhar para assuntos tão importantes como esse, talvez deixasse de se preocupar com as banalidades daqueles que criticam a educação sem tentar melhorá-la efetivamente.
Texto escrito por:
Raquel Damares Oliveira.
Giovanna Mainkoski.
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