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ONU alerta para a violência contra as mulheres nas comunidades rurais

Via Onu Mulheres Brasil 

Este mês, a campanha da UNA-SE Dia Laranja Pelo Fim da Violência contra as Mulheres coloca em destaque a violência contra mulheres que vivem em comunidades rurais

  • Foto: Isabel Clavelin

A violência afeta todos os grupos de mulheres e meninas, independentemente da renda, idade ou educação. No entanto, mulheres e meninas que vivem em áreas rurais enfrentam diferentes riscos e desafios na resposta à violência. O contexto rural inclui elevados níveis de pobreza, menor acesso à educação superior e ao trabalho decente, menor capacitação econômica e proteção social, o que aumenta ainda mais a vulnerabilidade de mulheres que estão em relacionamentos abusivos.

Em áreas rurais, os serviços para as mulheres são menos acessíveis e, por vezes, inexistem. Os serviços públicos muitas vezes não respondem às necessidades e desafios das mulheres rurais, que vão desde condições limitadas de mobilidade à precariedade dos serviços públicos disponíveis.

Em situações de violência doméstica, por exemplo, questões como a falta de assistência às crianças, de oportunidades de emprego e de serviços básicos de apoio, tais como proteção policial, abrigo, cuidados de saúde e assistência jurídica, agravam ainda mais o isolamento psicossocial das mulheres que vivem em áreas rurais.

Fique de olho! – Os 16 Dias de Ativismo estão chegando! De 25 de novembro a 10 de dezembro são celebrados os 16 Dias Pelo Fim da Violência contra as Mulheres, campanha global apoiada pela ONU por meio da campanha UNA-SE. No Brasil, a campanha se inicia no dia 20 de novembro no Dia da Consciência Negra.

Reconhecendo a natureza unificadora de um dos princípios essenciais da Agenda para o Desenvolvimento Sustentável 2030, a Campanha UNA-SE celebrará a campanha dos 16 Dias deste ano sob o tema geral “Não deixar ninguém para trás: acabar com a violência contra as mulheres e as meninas, alcançando as mais vulneráveis primeiro”. O calendário reconhece este compromisso através de cada tema mensal, pondo em destaque as implicações e consequências da violência contra as mulheres e as meninas nos grupos mais marginalizados, incluindo mulheres negras, refugiadas, migrantes, povos indígenas, crianças, deficientes físicas, entre outras.

Faça parte da campanha, organizando atividades (caminhadas, debates, oficinas, programas culturais), vestindo e iluminando na cor laranja edifícios e lugares simbólicos de sua comunidade, cidade, Estado, empresa, escola…!

Fontes úteis:
• O Guia de Planejamento para Segurança de Mulheres e Crianças em Comunidades Pequenas e Rurais, publicado pela Cowichan Women Against Violence Society, do Canadá, descreve as principais frentes que podem ser direcionadas para a segurança em planejamentos comunitários.

• O relatório Empoderamento econômico e violência contra mulheres e meninas explora como o empoderamento econômico de mulheres e meninas pode ser um método eficaz de prevenção ou redução da violência contra as mulheres. O relatório enfatiza a importância de compreender o contexto dos ambientes rurais, apresentando um exemplo de duas configurações diferentes no Bangladesh rural, que mostrou como o aumento do empoderamento feminino desafiou os papéis de gênero há muito estabelecidos e que, anteriormente, levaram a uma série de conflitos e violências de gênero.

Programas e projetos estratégicos:
• O relatório sobre a 57ª sessão da Comissão sobre o Status da Mulher (CSW) destaca que o direito à educação é um direito humano importante para a eliminação do analfabetismo, assegurando a igualdade de acesso à educação, em particular nas áreas rurais e remotas, e contribuindo para a eliminação de todas as formas de discriminação e violência contra mulheres e meninas.

• Em áreas rurais é comum ocorrer conflitos sobre o acesso à terra para o cultivo, levando frequentemente à violência física -particularmente contra mulheres solteiras, viúvas ou divorciadas. Muitos programas do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA) ajudam a prevenir a violência baseada em gênero por meio do apoio aos meios de subsistência das mulheres na agricultura, na pesca, na criação de gado e no empreendedorismo rural.

• Em todas as regiões, meninas que vivem em áreas rurais são mais propensas ao casamento infantil do que meninas que vivem em áreas urbanas. Esta diferença é particularmente marcante em alguns países da África Ocidental e Central e na América Latina e no Caribe, onde a prevalência do casamento infantil nas áreas rurais é aproximadamente o dobro do nível encontrado nas áreas urbanas. A publicação da UNICEF Ending Child Marriage – Progress and Prospects traz uma visão geral das estatísticas e fatos sobre o casamento infantil, desagregados por sexo e concluindo que as meninas correm maior risco de casamento antecipado do que os meninos. O estudo também inclui disparidades no casamento infantil em diferentes regiões do mundo.

• O guia prático para comunidades rurais e isoladas, publicado pelo Projeto de Coordenação Comunitária para a Segurança das Mulheres, traz exemplos sobre como construir parcerias com atores comunitários para prevenir a violência contra as mulheres nas comunidades rurais.

About José Pires

É Jornalista e editor do Parágrafo 2. Cobre temas ligados à luta indígena; meio ambiente; luta por moradia; realidade de imigrantes; educação; política e cultura. É assessor de imprensa do Sindicato dos Professores de Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana - SINPES e como freelancer produz conteúdo para outros veículos de jornalismo independente.