Informações e fotos: Catia Salles
Já dura uma semana a ocupação do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI). No último dia 27/05 lideranças indígenas dos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina ocuparam a sede do DSEI que fica em Barreiros, município de São José, em Santa Catarina.
A mobilização aconteceu depois de denúncias contra o atual coordenador distrital de saúde indígena Gaspar Luiz Pascoal. De acordo com Isaías Kaigo, Cacique da aldeia Goj Veso, localizada na cidade de Iraí, RS, as comunidades não estão recebendo o atendimento adequado por parte da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). O cacique aponta diversas falhas como equipamentos e materiais que deveriam ser destinados às aldeias e estão acumulados na sede do Dsei, mesmo depois de diversas reuniões onde as lideranças apresentaram suas necessidades para gestão.
O DSEI Interior Sul é responsável por coordenar a estrutura de saúde para 63 mil indígenas que vivem em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, é comandado por Gaspar Luis Paschoal. O jovem advogado foi nomeado para o cargo em 2016, quando tinha 23 anos. É filho do ex-prefeito de Redentora, Adelar Paschoal (PMDB).
A Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) é a única do Ministério da Saúde que presta serviços diretos a uma população inteira. Para atender mais de 770 mil indígenas nas quase 5.600 aldeias espalhadas pelo território nacional, o orçamento previsto para esse ano é de R$ 1,4 bilhão.
Enquanto falta atendimento, medicamentos, matérias hospitalares, água encanada e outros itens básicos, nos barracões da DSEI em São José medicamentos e equipamentos permanecem estocados, muitos se deteriorando.
Além da falta de equipamentos, de materiais, carros e motoristas em diversas comunidades, em São José existe também a denúncia de contratações irregulares, onde cargos eram oferecidos em troca de favores. “Já existe uma denúncia protocolada no Ministério Público Federal e a corregedoria também já solicitou o afastamento do gestor, e nós não vamos sair daqui enquanto essa situação não for resolvida, porque nossas comunidades estão desassistidas e nosso povo está sofrendo, temos gestantes sem atendimento, idosos e crianças. Isso é um desrespeito contra a vida”, destaca Isaías.
Em 2017 Lideranças indígenas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina apresentaram denúncias contra dirigentes da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) nesses estados. Dois dirigentes são acusados de usar indevidamente bens e recursos públicos, desmantelar as ações de saúde e de praticar assédio moral e sexual contra indígenas e servidoras públicas da secretaria, com atuação nos dois estados.
A ocupação deve permanecer até que Gaspar seja substituído na direção do DSEI.
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