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Obrigar o uso de máscara é o máximo que Ratinho Junior faz no combate ao covid-19

Incapaz de adotar medidas contundentes contra o avanço do coronavírus, Ratinho Junior sanciona lei que obriga o uso de máscara no Paraná.

Nesta terça-feira (28) o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) sancionou a lei 20.189/20, que torna obrigatório o uso de máscara em ambientes coletivos em todo o Paraná. O objetivo, obviamente, seria reduzir os riscos de contágio do novo coronavírus. No entanto, me parece que o governador, e os parlamentares que aprovaram a lei, estão lavando as mãos e jogando a responsabilidade de eventual contágio pelo covid-19 sob as costas dos cidadãos.

Em resumo quem descumprir a lei está sujeito à multa que vai de R$ 106,60 à R$ 533,00 para pessoas físicas e de R$ 2.132,00 à R$ 10.660,00 para empresas. Em caso de reincidência os valores poderão ser dobrados.

A lei determina que os estabelecimentos em funcionamento devam fornecer gratuitamente as máscaras para seus funcionários, além de locais para higienização das mãos ou pontos de álcool gel a 70%. O álcool gel deve estar disponível também para os clientes e o público em geral. Caberá aos estabelecimentos exigir que as pessoas utilizem máscara durante o horário de funcionamento, independentemente de estarem ou não em contato direto com o público. Os recursos das multas serão destinados às ações de combate à Covid-19. O governo estadual deverá editar decreto nos próximos dias regulamentando a forma de fiscalização.

Vamos aguardar para entender como funcionará esta fiscalização. Vimos que deixar o controle do uso de máscaras na mão das empresas pode não ser a melhor escolha. No mesmo dia em que Ratinho Junior sanciona o decreto uma funcionária do Condor em araucária foi atingida por um tiro, disparado da arma do segurança do mercado que entrou em conflito com um cliente justamente por que um cliente se negou a usar máscara para entrar no estabelecimento. Talvez o segurança, na tentativa de cumprir sua função que era proteger os funcionários e clientes do mercado do covid-19, não percebeu que um disparo de arma de fogo poderia ser tão letal quanto um vírus. Fato é que mais uma vida foi perdida de forma estúpida.  Certamente esta cena, em maior menor grau de letalidade, irá se repetir estado à fora.

Ao sancionar a lei que obriga o uso de máscara o Governador dá um salvo conduto àqueles que não simpatizam com o isolamento social, sem contar os que não dispões desta possibilidade. Já escuto as palavras abafadas pelo tecido da máscara: “Estou dentro da lei, vou para onde eu quiser”.

Neste gesto Ratinho Junior também mostra que abre mão de um outro método de diminuir o risco de contágio pelo covid-19: manter a população em casa.  A voz do mercado e o apelo dos comerciantes soa muito mais nítida do que as palavras dos infectologistas na cabeça do nosso governador. O leque de setores enquadrados como essenciais é enorme. As portas fechadas que vemos por aí se devem muito mais à falta de clientes do que a um impedimento legal. O governo não toma nenhuma medida contundente para manter a população em casa. Além de Ratinho Junior se exime de qualquer crítica aos absurdos proferidos pelo presidente, sua base trabalha para diminuir o valor da distribuição de renda aos mais pobres. No início deste mês a sua base na Assembleia Legislativa reduziu o complemento do “coronavoucher” de R$ 150,00 para R$ 50,00 por família.

No baile da pandemia, diante da falta de testes para o Covid-19, Ratinho Junior vira as costas para o aumento expressivo no número de casos e mortes por “síndrome respiratória aguda grave” – março de 2020 registra o triplo de casos se comparado ao mesmo período de 2019 –  e sai às ruas de máscara… ou pelo menos indiretamente pede  que o façamos.

A pandemia é real. Os números não. O colapso da saúde (e funerário) andam a passos largos pelo país e bater continência para o governo federal não impedirá que o caos se instale por aqui também. Me pergunto até quando o governador, e muitos prefeitos paranaenses, irão esticar a corda. A aposta na solução que beneficia os detentores do capital, de olho nas doações para campanha, é feita ao custo de muitas vidas. Alguém avise Ratinho Junior, Greca & cia que morto não vota e, que sobretudo, lembraremos o nome do prefeito, do governador e do presidente quando ao longo da vida lembrarmos das imagens das covas rasas e dos falecidos de 2020.

About Everton Mossato

É jornalista, cofundador do Parágrafo 2, "emprestado" ao funcionalismo público. Descabaçou como repórter em jornais de bairro de Curitiba. Já teve uns blogs e editou o documentário Tabaco - As folhas da incerteza. Aprecia o ritmo de produção intermitente e acredita que boas "estórias" devem ser contadas sem pressa.