Coluna Autofagia
Charge de Vitor Teixeira
Há seis anos, em 2014, o Brasil atingia sua menor taxa de desemprego na história. Era um momento de crescimento econômico, protagonismo do trabalhador e ascensão de um país sólido e competitivo.
Cada vez mais, as bases da pirâmide social consumiam produtos e serviços outrora exclusividade às elites.
Incomodada, a plutocracia nunca admitiu dividir espaços com outras classes. A partir daí, iniciou-se a campanha para o desmonte da economia e a “limpeza social”. Sob o discurso de “salvar o Brasil” os plutocratas não mediram esforços para eliminar a justiça social, os empregos, a produção e devolver à base aqueles que os incomodavam.
Um governo anti-pobre chegou ao Planalto, por meio de um golpe – não podemos esquecer, enfraquecendo a economia e, consequentemente, aumentando o desemprego.
Agora, diferente de 2014, o Brasil já supera os dez milhões de desempregados, duzentas mil empresas fechadas e, aproximadamente, trinta milhões de brasileiros na informalidade.
Com o processo de devolução do país aos patamares de subserviência e mediocridade econômica, surge a “romantização” da precarização das condições de trabalho.
Se lá atrás havia segurança social, salários e carga horária compatíveis com a atividade, agora os direitos são extintos e as condições são análogas à escravidão.
Neste sentido, grandes bancos e corporações veem na informalidade a possibilidade de exploração da mão-de-obra barata, vide Uber e Ifood, e os aluguéis de materiais como bicicletas e patinetes pelo Itaú.
Mediante a necessidade de sobrevivência, os Brasileiros agem de todas as formas para levar para a casa o “pão de cada dia”, não importando as condições que sejam submetidos.
A elite, responsável por toda essa crise, dissemina os discursos de “força de vontade”, “quem quer trabalhar, trabalha” ou “ao invés de reclamar, corre atrás”, romantizando a vulnerabilidade destes trabalhadores.
Não. Jamais será pelo “embelezamento” da pobreza que alcançaremos ou reconquistaremos nossos direitos. Só pela luta, pela revolta e a insatisfação é que voltaremos ao protagonismo social. Romantizar a precarização do trabalho é assumir o discurso das elites, é ser condescendente com a escravidão do século XXI.