Coluna Autofagia
O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, em sua essência, surgiu a partir das lutas dos movimentos feministas na Europa e nos Estados Unidos. Greves, assassinatos de operárias e péssimas condições de trabalho levaram a ONU, anos mais tarde, em 1970, a oficializar esta data como símbolo de reflexão e luta pela igualdade de gênero.
Partindo deste pressuposto, a reflexão e a luta pela igualdade entre homens e mulheres, observamos um erro claro de concepção sobre o quê é o Dia Internacional da Mulher. Ao contrário da epistemologia da data, percebemos a afirmação de uma visão machista e patriarcal na sociedade.
Nas redes sociais, homens, sem nenhuma afinidade com princípios de igualdade, tecem elogios às esposas, mães, filhas e amigas, quase sempre exaltando a importância dessas mulheres em suas vidas, dando-lhes flores e chocolates, mas sem menção alguma à luta das mulheres por paridade.
Não esqueçamos, incontestavelmente, a atuação do capitalismo sobre o Dia Internacional da Mulher. Aproveitando-se da desfaçatez do machismo enrustido de afeto e amor, o lucro usa esta data para expor ainda mais tudo aquilo que as mulheres buscam abolir, ou seja, evidencia-se por meio de comerciais televisivos, outdoors e outras propagandas, a objetificação e sexualização da mulher.
Indubitavelmente, manifestações veladas de segregação de gênero, transvestidas de afeto e respeito, são, portanto, adversários poderosos a serem combatidos nesta luta desigual entre a perspectiva machista e a lucidez dos movimentos feministas. Este enfrentamento, que não é ideológico, mas, sim, humano é dever de todos aqueles que compreendem a desigualdade de gênero como uma moléstia à sociedade.
O dia 8 de março, como observamos na história, é uma data para fortalecer a luta e estimular a reflexão, especialmente, nós, os homens, sobre nosso comportamento e postura neste debate. Às mulheres, protagonistas absolutas nesta testilha, continuarão a enfrentar o machismo. Com essa postura, quem sabe, em um futuro próximo, o Dia Internacional da Mulher seja marcado por fortalecimento no combate à desigualdade de gênero, e não uma “celebração” falaciosa e lucrativa do patriarcalismo.