Coluna Filosofia Di vina
Friedrich Nieztsche, no século XIX, escreveu seu famoso “O crepúsculo dos ídolos” livro em que faz críticas a Sócrates e, principalmente, ao cristianismo. Nesse livro, o pensador alemão buscou criticar o que para ele eram os pilares da moralidade ocidental. No Brasil de 2019, os ídolos da sociedade brasileira contemporânea começam a cair, um a um, pedaço a pedaço. Por todos os lados, o que se vê é a decepção generalizada dos eleitores.
Na linha de frente da defesa do atual governo, só ficam os fanáticos e os desinformados, todos constrangidos dentro de seu uniforme futebolístico. Constrangidos por um governo afundado em casos de laranjas, ligações não explicadas com a milícia e nenhum projeto de crescimento econômico. No âmbito ministerial, há somente dois tipos de ministros: os incompetentes, que sabem muito de estratégia de guerra e táticas militares, mas são péssimos em assuntos políticos. Do outro lado há os falsos ídolos: Paulo Guedes, investigado por fraudes em fundos de pensão e irmão de Elizabeth Guedes, presidenta da (ANUP) – entidade que representa os interesses das maiores corporações educacionais do mundo, grande beneficiária, portanto dos cortes na verba de educação – neste grupo ainda aparecem nomes como a medieval Damares e o previsível Sérgio Moro.
Moro representa o fim de uma era, um Brasil que não deu certo, a falência total das instituições ditas republicanas. As mensagens que começaram a ser divulgadas pelo portal “The Intercept Brasil” jogam a moral do antigo juiz na lama e, junto com ela, grande parte dos apoiadores do governo Bolsonaro.
O pseudo-herói nacional é uma criação midiática, uma segunda tentativa, um protótipo piorado e de terceira linha, uma versão tosca do que tentaram fazer do antigo ministro Joaquim Barbosa. Moro se encaixa no projeto de país que a elite brasileira tentou construir nestes últimos anos, um país menor, subalterno no plano econômico e político, uma república de segunda categoria no xadrez mundial.
Como representante dessa elite submissa ao capital internacional, ele é perfeito, encerra em si todos os adjetivos que se possa dar: é preconceituoso, limitado e arrogante. Sua ânsia por holofotes e os interesses golpistas da grande mídia formam o casamento perfeito. Por isso mesmo, foi aclamado pela multidão de amarelos que veneravam patos e alisavam policiais.
O grande oportunista conseguiu o que muita gente não conseguiu. Ao instrumentalizar a operação Lava Jato, o herói da Patolândia conseguiu destruí-la. Aliado de primeira hora a qualquer golpista que pudesse lhe servir de escada, acaba tendo que trabalhar com o flácido Bolsonaro. Pelo atalho do fascismo, é que o juiz de primeira instância mira seu horizonte, o STF.
É importante lembrar que sua trajetória não foi solitária, a cargo de exemplo, a Gazeta do Povo no PR mostrou o quão baixo o jornalismo pode chegar. Em uma matéria de maio de 2017, intitulada “A marmita de Moro”, o jornal rasga elogios e tenta aproximá-lo daquilo que ele nunca foi, uma pessoa do povo.
Após os vazamentos, não só Moro deve ser desmascarado, mas todos aqueles que o colocaram onde está, não só ele, mas o governo que ele representa tem um dono, e este dono é o capital internacional. A incompetência do capitão expulso do exército é, na verdade, sua real função: brincar de governo enquanto o saque da coisa pública é feito descaradamente, porém, Bolsonaro sequer consegue fingir que governa.
O Brasil que queriam os golpistas fracassou e, junto com ele, as instituições. A ideologia assassina do neoliberalismo combinada com fascismo, uma combinação mortal implementada no Brasil e que serve de laboratório para o mundo, começa a ruir. O desemprego, a miséria e a retirada de direitos não são políticas impopulares, mas sim políticas da morte, uma verdadeira máquina de exterminar pobres.
O que Moro fez, não só agora, mas desde os vazamentos na época do golpe de 2016, seria, em qualquer democracia séria do mundo, passível de condenação, ao invés disso há um grande esforço para contornar o problema. A queda das máscaras serve de combustível para inflamar as massas, que já não podem lutar para uma restauração daquilo que não foi, mas sim reinventar a democracia no país, sepultada em 2016. O inimigo está cada vez mais exposto, o governo reacionário de Bolsonaro é uma face dele, mais uma das máscaras que dia a mais dia a menos tende a cair.
12.06.2019.
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