Últimas Notícias
Home » Poder » Novo sistema de registro de ponto pode prejudicar professores e escolas do Paraná

Novo sistema de registro de ponto pode prejudicar professores e escolas do Paraná

Feder, que não deixou saudades a nenhum profissional da educação paranaense, atua agora no governo paulista. São Paulo, por ter mais oposição e uma mídia não totalmente cooptada pelos volumosos recursos do Estado, vêm se assustando com os escândalos do secretário, coisa que no Paraná, infelizmente, foi rotina nos lamentáveis anos de gestão do sorridente empresário.

Feder se foi, mas deixou um legado de desmonte da escola pública para ser seguido à risca pelo seu sucessor, Roni Miranda. O enquadramento da educação no modelo de gestão empresarial tem um preço alto: na busca sedenta por números, que servem apenas para propaganda eleitoral de Ratinho Júnior (PSD), educadores adoecem e estudantes não aprendem o básico. Tudo se desenha para uma nova maquiagem de dados, como feito por Feder, para forjar uma melhora na educação e o instrumento para isso se concentra na digitalização desenfreada de tudo.

A novidade da vez é o sistema de registro de ponto dos educadores, que começa a ser implementado em escolas do Paraná, a princípio, em escolas de tempo integral e cívico-militares e, até o fim do ano letivo, em toda a rede pública. É importante salientar que as escolas já têm seus sistemas de registro de ponto, em sua maioria por biometria.  O novo método, já utilizado em outras secretarias, é online e funciona somente se conectado na internet da escola. Os professores reclamam que tal sistema é falho, pois os horários dos docentes são muito diferentes, há os que trabalham em até quatro escolas e o sistema não permite mais de quatro registros. O Estado promete adequações, inclusive com relação à sexta aula, fora do horário do sistema. Para os professores, essa é mais uma maneira de controlar e penalizar, pois as faltas são encaminhadas diretamente para a R.H. “o temor é de levar falta pelo fato de a internet não funcionar no dia, ou o sistema cair”, diz a professora P.L.A, que tem medo de se identificar e sofrer represálias na escola onde atua.

Professores temem levar faltas, já que a internet nas escolas é muito instável e o registro do ponto não poderia ser feito sem conexão

Para a Secretária educacional Vanda Bandeira Santana, do sindicato dos professores APP: “A implantação do registro da frequência de forma online pela Secretaria de Educação é um projeto que ainda está na fase de implantação. É um projeto piloto com a seleção de alguns colégios. Até o momento ainda não temos a condição de fazer uma avaliação mais completa do funcionamento deste modelo. Sabemos que há uma dificuldade na organização dos dados para operacionalizar este novo modelo. Isso as escolas estão nos passando dessa dificuldade. Pelo documento que foi disponibilizado aos diretores de escola pela Secretaria de Educação o processo ele é complexo. Ele vai exigir um controle dos próprios trabalhadores da educação do seu ponto diariamente. Há possibilidade de apresentar justificativas, anexar documentos então é um sistema que como todo sistema que a SEED vem utilizando de com tecnologias digitais e pelo princípio dessa da política educacional do governo Ratinho é uma forma de ampliar o controle sobre a escola, núcleo, o controle do tempo. Nessa perspectiva de que a qualidade da educação se dá por aprimorar os mecanismos da gestão nosso entendimento é de que precisamos acompanhar essa implantação e sim, tomar as medidas que forem cabíveis na defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras porque a questão do ponto ela é muito importante. Nós temos uma dinâmica na escola que é diferenciada de empresas ou de outros setores. Estamos falando de um tempo escolar. Em que nós temos aulas que são de cinquenta minutos são seis aulas por período conforme a escola, a de tempo integral também há outra organização. Temos várias escolas, onde nossos professores se dividem entre escolas, assim como as pedagogas também. Então é um é um processo novo, está em fase experimental e nós estamos acompanhando muito de perto essa implantação”

Para o Parágrafo 2, a assessoria de comunicação da SEED-PR respondeu algumas questões:

Parágrafo 2: Quais os benefícios que tal formato trará, visto que as escolas já têm seus sistemas de ponto, inclusive digital em muitos casos?

O principal objetivo é ter uma única solução de gestão de ponto para todas as unidades administrativas da Secretaria de Estado da Educação, estabelecimentos de ensino, núcleos regionais, documentações escolares e outras unidades, permitindo uma gestão unificada e um trabalho de redução do absenteísmo da rede estadual de ensino, esse mesmo sistema, já é utilizado por outras secretarias de estado. Entre os benéficos podemos citar, integração com sistema de Gestão de Recursos Humanos para cadastro automático do professor e funcionário a partir da contratação e integração com sistema de folha de pagamento evitando lançamento manual de faltas e atestados.

P.2: Como o sistema só funciona se conectado pela internet “educação”, haverá falta quando a internet cair?

Se por qualquer motivo não for realizado o registro do ponto, o sistema permite o registro das justificativas para que o gestor imediato possa aprovar e validar a presença.

P.2: Como fica no caso de professores que têm a 6° aula da manhã e a primeira da tarde, visto que o sistema não autoriza registrar ponto fora do horário de almoço?

Cabe ao gestor imediato parametrizar a jornada de trabalho de cada professor e funcionário permitindo o registro do ponto de acordo com horário de trabalho.

P.2: Para professores que trabalham em mais de uma escola, como fica o registro visto que ele só permite 4 marcações?

Nesse primeiro momento o sistema está sendo testado nas escolas de tempo integral considerando que os professores e funcionários trabalham em uma única escola com jornada padrão, a partir do mês de outubro o sistema deverá permitir mais de 2 turnos por dia, mais de um local de trabalho e controle de jornada por turno.

About José Pires

É Jornalista e editor do Parágrafo 2. Cobre temas ligados à luta indígena; meio ambiente; luta por moradia; realidade de imigrantes; educação; política e cultura. É assessor de imprensa do Sindicato dos Professores de Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana - SINPES e como freelancer produz conteúdo para outros veículos de jornalismo independente.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

*