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Nós, para nós

Por Carlile Max Dominique Cérilia

Tradução: Nathalie Dessartre 

 

Nesse tempo pesado em que o tempo é palpável

Precisamos acertar os ponteiros.

A vida não passa de uma corrida de gestos

Entre os quais se desenha nosso futuro

Na margem em branco do infinito

 

Essa sombra precisou nos impor

Frear a fábrica de besteiras.

Essa coisa extrema precisou

Vir mandar os nossos Estados, fazer,

O que estavam determinados a não fazer.

A paz com a vida.

 

Nesse tempo de merda, porém crucial

Para a reeducação desse mundo infantil,

Percebo nosso espaço que se estende:

Nossas ruas se esvaziam,

Nossas famílias voltam a se aproximar,

A vida volta a se tecer em sua forma mais pura

As sociedades voltam a recuperar força…

Um cheiro de emoção no ar.

 

Azar, se nos sentimos ridículos

Dentro de casa.

Azar, se nos achamos um zero à esquerda

No meio da nossa família.

 

Azar, se a economia do mundo esperneia,

Na espera da nossa convalescência.

Azar, se os pretensiosos desse mundo

Ficam de mal com nossas pequenas férias antecipadas.

 

Nosso tempo fica desnorteado.

É de recolhimento que precisamos,

Para renegociar nosso futuro…


 

 
  

 

About Carlile Cerilia

Carlile Max Dominique CERILIA, nascido em Petit-Goâven no Haiti, é um jovem poeta e escritor. Caminha quando não está lendo ou escrevendo. Gosta de se misturar com as paisagens: árvores, pessoas e animais. Ama cinema e música clássica. Lê Jean-Jacques Rousseau, Albert Camus, Victor Hugo, Voltaire, Dany Laferrière, Shakespeare. Hoje estuda Literatura no CREL (Centro de Pesquisa e Estudos Literários); Departamento, ANA (Narrator Apprentice Workshop). É imigrante e mora no Brasil há alguns meses.