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Negacionismo e colapso: uma combinação fatal para o Paraná

Coluna Filosofia Di vina 

Quando a filosofia alemã, do século XIX, disse que “a história se repete duas vezes, uma como tragédia e a outra como farsa” não imaginava que, no futuro, o sul do mundo apresentaria personagens tão grotescos, que contradiriam tanto Hegel como Marx, mostrando que é possível ser, ao mesmo tempo, farsa e tragédia.

                A fidelidade canina do governador do Paraná ao presidente não se resume às escolhas medonhas para a sua equipe, vai além, representa-se também no negacionismo. Enquanto o líder do bando dá murros no ar ao ver que toda a sujeira varrida para baixo do tapete começa aparecer na CPI da Covid, Ratinho rói a corda mais uma vez e finge que a pandemia acabou.

                Se no governo federal a regra é lutar ao lado do vírus, no Paraná a coisa não é diferente. Com praticamente um milhão de casos confirmados na pandemia (dos onze milhões de habitantes), o estado enfrenta um crescimento rápido de contágio e, com isso, a ocupação de leitos volta ao estágio crítico. 

                Da totalidade de leitos gerais, o Paraná está no alarmante número de 95% de ocupação, com uma fila de 500 pessoas à espera de internação.  Isso, sem levar em conta os casos que aparecerão após o dia das mães.

                Diante deste quadro de colapso, Ratinho Júnior toma a mais absurda das atitudes e reabre as escolas contradizendo o que ele mesmo tinha planejado: o retorno após vacinação. Diferente de Bolsonaro, cujas mãos estão sujas de sangue das mortes que poderiam ser evitadas, Ratinho imita Pôncio Pilatos e lava as suas, deixando a bomba armada no colo dos prefeitos, dos chefes de núcleo e dos diretores: a responsabilidade da reabertura sem planejamento. Para os pais que decidirem o retorno presencial, há um documento isentando o estado no caso de contaminação, mas o documento chama-se “autorização”.

                Os núcleos de educação fazem reuniões on-line para exigir dos professores retorno presencial, contradição maior que essa só com o pessoal que grita “Brasil acima de tudo” enquanto oferece em dólar o pouco de dignidade que ainda nos resta.

                A RPC, canal de televisão paranaense, lidera a campanha de volta às aulas. Intercala, em sua medíocre programação, grandes matérias sobre bolinhos, pudins e fotos do Parque Barigui com chamadas que mostram os benefícios de uma escola aberta. A exaltação do álcool em gel como salvação dos estudantes e profissionais da educação, junto com      a magra campanha de vacinação e notícias do trânsito criam a ilusão da segurança.

                Enquanto isso, em uma coletiva de imprensa, o governador cita dados de uma pesquisa que não leu, feita em um estado que não é o seu, sequer é o seu país. Ignora a pesquisa do INPA, que afirma que a volta às aulas presenciais no PR é contra indicada. Brincando de Leviatã, Ratinho quer ser soberano e decidir sobre a vida de milhares, mas, como péssimo aluno que foi, não leu a parte em que Hobbes diz que “quando há risco de morte as pessoas têm a obrigação em desobedecer.”

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About Rafael Pires de Mello

Rafael Pires de Mello é formado em filosofia pela UFPR, gosta de inutensílios como cinema,literatura,música e é claro o maior de todos, filosofia. Tem a tendência de chorar com música romântica quando bebe demais.