Foto: Emerson Nogueira.
Centenas de famílias saem às ruas de Curitiba na manhã desta terça-feira (15) na esperança de manter um teto sob suas cabeças. É a caminhada por moradia e contra despejos forçados realizada por moradores das ocupações Britanite, Vila União, Ilha e Pontarola na região do Bairro Tatuquara, na capital.
Levantamento do Núcleo Itinerante das Questões Fundiárias e Urbanísticas (Nufurb) da Defensoria Pública do Estado do Paraná revela que atualmente 367 ocupações estão com risco de despejo no estado. Um terço delas fica em Curitiba. São milhares de pessoas que podem sofrem reintegração de posse. As ocupações Bitanite, Vila União, Ilha e Pontarola somam juntas mais de mil famílias.
Essas ocupações têm encontrado dificuldades de negociar com os proprietários das áreas devido à omissão do poder público para intervir nos conflitos fundiários. A área onde fica a Britanite, por exemplo, pertence à Tatuquara Administração de Bens S.A. que não tem se mostrado disposta a dialogar com os moradores para chegar em uma solução que não afete as famílias.
O estado do Paraná tem um déficit habitacional de meio milhão de moradias. Em Curitiba, mais 77 mil famílias estão em busca de um lugar para viver. No entanto, o problema não é apenas a falta de casas, mas também de condições adequadas de habitação. Em alguns municípios mais pobres do estado é possível afirmar que a totalidade da população reside em assentamentos precários, segundo informações do Plano Estadual de Habitação de Interesse Social. De acordo com esse mesmo relatório, em Curitiba, cerca de 20% das famílias moram em favelas, em loteamentos clandestinos ou em ocupações irregulares.
É para fugir dessa realidade que, na busca da moradia digna, famílias buscam o acesso às políticas públicas de habitação. Existiam, segundo dados levantados pelo Parágrafo 2 junto à Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), 400.000 famílias inscritas em seus programas de habitação no ano de 2022. Destas, 280.000 aguardavam para receber a casa própria. Em 2020 e 2021 a Cohapar entregou 4.815 imóveis, entre urbanos e rurais. Uma média 2.400 imóveis por ano.pa
Se esse ritmo de entrega se mantiver (mas ele já foi menor, em 2019 foram entregues 1.281 unidades), a fila da Cohapar pode levar 116 anos para chegar ao fim, isso se nenhuma nova família se cadastrar. Ou seja, a fila por moradia da Cohapar pode acabar apenas no ano 2138.
Já a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) tinha em 2022 cerca de 50 mil famílias cadastradas em seus programas habitacionais. Segundo a Cohab, desde que o prefeito Rafael Greca assumiu a Prefeitura, entre 2017 e 2022 apenas duas mil famílias receberam as chaves da casa própria, entre inscritos na Cohab e moradores transferidos de áreas de risco. Caso esse ritmo de entrega continue, a fila da Cohab deve demorar 25 anos para terminar, ou seja, teria fim no ano de 2047.
Caminhada Popular por Moradia e contra Despejos
Data: 15 de agosto (terça-feira).
Concentração: 8h da manhã
Início da Caminhada às 9h. Ocupação Britanite, Rua Antônio Zanon 190. Tatuquara.
Audiência: Na Regional do Tatuquara, às 10h.