Fotos: Emerson Nogueira
Na tarde desta terça-feira (12) o líder indígena do Paraná, Romancil Kretã, mais conhecido com Kretã Kaingang, anunciou sua pré-candidatura a Deputado Estadual. O anúncio foi feito durante o Acampamento Terra Livre (ATL) na cidade de Brasília, no Distrito Federal. Instalada no Complexo Cultural da Funarte, a mobilização foi organizada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e chegou à sua 18ª edição mais de oito mil participantes de 200 povos.
Kretã, liderança indígena da Região Sul, Coordenador Executivo da Apib e membro da Articulação do Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul), vai concorrer pela Rede Sustentabilidade.
Linha de frente do movimento indígena, Kretã fez o anúncio durante a visita do ex-presidente Lula (PT) com quem dividiu o palco. Estavam presentes também outras lideranças como a Deputada Federal Joenia Wapichana (Rede). Kretã, filho de Ângelo Kretã, lendária liderança indígena do Sul que participou da retomada de diversos territórios indígenas e foi o primeiro vereador indígena a ser eleito no Brasil, fez questão de lembrar sua descendência e a luta de seus ancestrais. “Venho de uma descendência de lideranças do estado do Paraná e a primeira coisa que eles fizeram na sua vida foi retomar terras e tiveram a coragem de dar sua vida honrosamente por essas retomadas. Eu participei de cerca de cinco ou seis retomadas e pessoalmente já retomei três e hoje moro em uma delas”, disse se referindo ao Território Floresta Estadual Metropolitana, em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba.
Romancil lembrou que é um dos fundadores do Acampamento Terra Livre que, na edição de 2022, levou mais de oito mil indígenas à Brasília. “No movimento indígena nacional, que criou o primeiro acampamento Terra Livre em 2004 eu estava lá. O principal tema na época era a demarcação de terras indígenas. A minha região fez essa luta e montou aqui o primeiro Acampamento Terra Livre, isso há 18 anos”.
Sobre a possibilidade de conquistar uma vaga na Assembleia Legislativa do Paraná, Kretã destacou que vai trabalhar para fiscalizar o poder executivo, mas também para legislar para todos e todas que confiarem nele. “Preciso primeiro entender como funcionam as alianças e as articulações para propor leis que realmente atendam às comunidades indígenas, mas não só elas, preciso legislar para todo o estado, assim como a Deputada Joana Wapichana fez, ela se elegeu por Roraima, mas trabalhou para todo o Brasil”, destacou.
Lula
O ex-presidente Lula, que participou do ATL e dividiu o palco com Kretã, disse que, se vencer as eleições, vai criar um ministério sobre questões indígenas, fazer um “revogaço” das normas infralegais (decretos, portarias, instruções, etc.) editadas pelo governo Bolsonaro sobre o assunto e garantir a consulta prévia aos povos indígenas sobre políticas e medidas que os afetem. “E agora vocês me deram uma ideia. Ora, se a gente criou o Ministério da Igualdade Racial, se a gente criou o dos Direitos Humanos, se a gente criou o Ministério da Pesca, por que a gente não pode criar o ministério para discutir as questões indígenas?”, questionou Lula, após ser provocado por Sônia Guajajara, da coordenação da Apib, a ampliar os espaços de participação política das comunidades indígenas caso seja eleito.
No mesmo evento também lançaram sua pré-candidatura os/as indígenas:
Shirley Pankara – SP
Ivan Kaingang – PT/ PR
Lindomar Choco – Sergipe
Mandato Coletivo Indígena – DF
Eliane Chumucoa – Mato Grosso
Nice Tupinambá – PSOL/ Pará
Julio Manchineri – PT/ Acre
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