No último domingo (05/05), uma influenciadora cristã publicou um vídeo nas redes sociais declarando que as religiões de matriz africanas são culpadas pela tragédia climática que atinge o estado do Rio Grande do Sul. Michele Dias afirmou que as enchentes aconteceram porque existem muitos terreiros de “macumba” na região, o que estaria “causando a ira de Deus”.
Michele, que nas redes sociais se apresenta como “Cristã, mãe, esposa, empreendedora e apaixonada por Jesus” disse que Deus está descendo sua ira sobre o estado sulista. “O que está acontecendo no Rio Grande do Sul: Deus está descendo com sua ira total. Eu não sei se vocês sabem, mas o estado do Rio Grande do Sul é um dos estados com o maior número de terreiros de macumba, mais do que a Bahia”, disse a influenciadora. “Eu estava vendo ontem e em algumas igrejas alguns profetas já estavam anunciando em janeiro, fevereiro, sobre algo que ia acontecer no Rio Grande do Sul devido a ira de Deus mesmo”.
Depois de as declarações repercutirem negativamente, Micheli Dias Abreu optou por tornar sua conta no Instagram privada. Na web, internautas condenaram as alegações e acusaram a influenciadora de intolerância religiosa. “É uma mistura de fantasia, desinformação, xenofobia e intolerância religiosa. Nojo desse tipo de gente”, comentou uma pessoa.
Pela legislação brasileira, o racismo é crime e como tal deve ser sempre tratado. No início deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou uma lei que equipara a injúria racial ao crime de racismo e cita especificamente o racismo religioso (Lei 14.532). O criminoso pode ser condenado a cinco anos de prisão.
O Rio Grande do Sul é o segundo estado mais branco do país, porém, contraditoriamente, é o estado com maior número de terreiros do Brasil. Numa estimativa livre, calcula-se que haja 65.000 terreiros em todo o estado.
Dados atualizados sobre as enchentes
Na manhã desta terça-feira (07) a Defesa Civil do Rio Grande do Sul atualizou para 90 o número de mortos em razão dos temporais que atingem o estado. O boletim divulgado ainda aponta que há outros 4 óbitos sendo investigados. O estado registra 132 desaparecidos e 361 feridos.
Há 203,8 mil pessoas fora de casa. Desse total, são 48,1 mil em abrigos e 155,7 mil desalojados (pessoas que estão nas casas de familiares ou amigos).
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