Fotos: Emerson Nogueira
Famílias indígenas das etnias Guarani e Kaingang ocuparam, na tarde desta segunda-feira (09), um trecho da Floresta Estadual Metropolitana, no município de Piraquara na Região Metropolitana de Curitiba. A ocupação aconteceu no Dia Internacional do Povos Indígenas e marca uma luta pela área que se estende desde o ano de 2009.
Até o final da tarde duas famílias estavam no local. A previsão é que mais famílias cheguem ao acampamento nos próximos dias. O objetivo é criar uma aldeia, como explica Kretã Kaingang. “Essa área está abandonada pelo estado e reivindicamos ela desde 2009, ainda no governo Requião. Quando o Orlando Pessuti assumiu o estado as tratativas pararam e a mesma coisa aconteceu nos governos seguintes com Beto Richa, Cida Borguetti e agora com Ratinho Júnior”, diz.
Além de Kretã, que é Coordenador Executivo da Articulação dos Povo Indígenas do Brasil (Apib), no local também se encontra a família de Eloy Jacintho, liderança Guaraní e Isabel Tukana. Eles são membros da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul).
A Floresta Estadual Metropolitana está localizada no município de Piraquara na Região Metropolitana de Curitiba. É uma unidade de conservação desde 1988 e está próxima a área urbana, faz limite com a ferrovia Curitiba-Paranaguá e é cortada pela rodovia Contorno Leste. A floresta sofreu, durante muitos anos, extrativismo florestal, exploração seletiva de espécies como araucária e o corte raso para atividades agropecuárias.
As árvores de Eucalipto hoje são predominantes na Floresta. Essa espécie precisa de muita água para sua sobrevivência por isso, se cultivado de maneira inadequada pode secar as reservas de água subterrâneas mais próximas da superfície, os chamados lençóis freáticos. Por isso, um dos objetivos da ocupação indígena da área é o reflorestamento com espécies nativas como a Araucária. “Essa é uma área de manancial, que ajuda a abastecer de água boa parte da Região Metropolitana. O estado do Paraná passa por uma seca histórica e o que vemos nos parques e nas regiões de manancial são florestas de eucalipto. Queremos plantar espécies nativas aqui”, destaca Kretã.
Outro motivo para a ocupação seria um desejo do governo do estado de privatizar a Floresta Estadual Metropolitana. “Ficamos sabendo que o governo Ratinho Júnior pretende privatizar essa área. Ele a deixou abandonada e agora pretende vende-la”, finaliza.