As forças de segurança do Paraná encaminharam ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), um relatório sobre as manifestações antidemocráticas registradas no estado desde 31/10. Nele, foram identificadas 43 lideranças dos atos.
As informações são do Blog Politicamente que teve acesso ao documento enviado pelo Governo do Paraná e assinado pelo procurador do Estado Ramon Ouais Santos.
Os documentos, do Gabinete de Gestão de Crises, conforme destaca o Blog, registram as ações de desobstrução das rodovias, identificação de lideranças e aplicações de multas.
Entre os líderes das manifestações, conforme apurado pelo Politicamente, estão o ex-prefeito de Guaratuba, José Ananias dos Santos, e Keyla Regina Sanson de Avila, que foi candidata a deputada federal pelo PP na última eleição. Além deles, na lista de lideranças apontadas pelas forças de segurança estão um advogado e policiais militares aposentados.
Mas, afinal, quem são essas duas lideranças identificadas no relatório encaminhado ao STF?
José Ananias
José Ananias dos Santos foi prefeito de Guaratuba por dois mandatos (1993/1996 e 2001/2004). Empresário do ramo alimentício ele foi preso no ano de 2009 ao lado de outras 17 pessoas, entre elas funcionários públicos e autoridades ligadas ao poder executivo do município acusadas de integrar uma quadrilha que explorava a extração ilegal de palmito-juçara na região do litoral do Paraná. De acordo com a Polícia Federal (PF), o grupo explorava a espécie vegetal, ameaçada de extinção, no Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange e em áreas de proteção ambiental de Guaraqueçaba e Guaratuba, e revendia como se o material fosse produzido em áreas autorizadas, por meio de documentos frios.
Ao todo, 19 mandados de prisão foram expedidos pela Justiça Federal, entre eles estava o de José Ananias Santos e de seu filho, José Ananias Santos Júnior, vice-prefeito de Guaratuba na época.
Outro fato marcante na vida pública de Ananias foi a decisão do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) de julgar procedente a representação relativa a processos licitatórios realizados pela administração do então prefeito. A representação contra o prefeito originou-se de comunicação, pela Vara Criminal da Comarca de Guaratuba, de existência de inquérito policial instaurado para apurar crime de peculato em três processos licitatórios celebrados em 1995.
Com a decisão do TCE, o ex- prefeito e o ex-secretário municipal da Fazenda, Joel Machado, foram condenados a restituir aos cofres públicos, os valores referentes ao pagamento de produtos cuja entrega não foi comprovada. O valor original dos desvios é de R$ 56.797,31.
Keyla Ávila
Keyla Regina Sanson de Avila é uma “líder bolsonarista” da cidade de Ponta Grossa, nos campos gerais do Paraná. É criadora do movimento “Sou Mulher e Sou Bolsonaro”, foi candidata à prefeitura de Ponta Grossa pelo Patriotas e, na última eleição, concorreu ao cargo de deputada federal pelo Progressistas.
Nas redes sociais de Keyla há postagens sobre fraudes nas eleições e convocações para os atos antidemocráticos.
Dados sobre as manifestações no Paraná
De acordo com os dados do governo, desde o resultado da eleição até dia 4 de novembro, os manifestantes chegaram a obstruir 216 pontos nas rodovias estaduais e federais que cortam o Paraná: 134 nas estradas federais e 82 nas rodovias paranaenses.
Foram contabilizados ainda quatro manifestações em frente aos quartéis do Exército Brasileiro.
O Governo ainda informou o efeito empregado nas ações para desmobilizar os bloqueios. No total, foram 3.611 policiais militares, 1.210 viaturas da PM, 691 bombeiros e 329 viaturas do Corpo de Bombeiros.
O documento encaminhado ao STF mostra ainda que foram registrados 198 boletins de ocorrência, uma prisão, 84 notificações de trânsito, além da identificação de 43 lideranças dos protestos e de 25 veículos usados nas manifestações.