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Operadores de Call Center paralisam atividades e exigem trabalho remoto

Atualizada em 26/03/2020 – 9h

Na manhã desta segunda feira (23), operadores de Call Center da empresa NEOBPO, que presta serviço de teleatendimento no Banco Bradesco em Curitiba, paralisaram suas atividades reivindicando que o trabalho seja realizado em regime de Home Office durante o período de pandemia do Covid-19. No início do turno de hoje boa parte dos operadores colocaram o atendimento em pausa, viraram os monitores com a tela para a parede e ficaram de pé em frente suas estações de trabalho como forma de protesto ao descaso da empresa com a saúde dos seus colaboradores.

De acordo com uma das funcionárias, a NEOPBO determinou apenas o rodízio dos operadores, trabalhando dia sim, dia não, bem como, que mantenham a distância de uma estação de trabalho entre um e outro.  “A gente está pedindo para trabalhar em casa. Nós não queremos que pare o atendimento. Assim como o Call Center da Vivo, da Service. Eles estão fazendo esta movimentação [de home office] e agente também quer”, explica a operadora.

Outra reivindicação dos trabalhadores é para que a empresa libere as mães para ficar com seus filhos em casa, tendo em vista o fechamento das escolas e creches. A empresa, que conta com mais de 150 funcionários em Curitiba, embora tenha dispensado das atividades as gestantes e funcionários acima de 60 anos, não tomou providências quanto aos colaboradores de outros grupos de risco, como os com problemas respiratórios por exemplo.

Segundo uma operadora de call center da NEOBPO, a empresa não apresentou motivos substanciais que justifiquem o impedimento da realização das atividades em casa.

Hoje o Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região enviou ofício ao Bradesco solicitando que o banco se responsabilize pela suspensão das atividades dos trabalhadores não bancários nos centros administrativos. A entidade pede que os trabalhadores de telemarketing terceirizados da Bradesco Seguradora e da Bradesco Previdência também sejam colocados em home office, tal como os bancários contratados diretamente pelo banco, pela atividade não se enquadrar nos serviços essenciais.

“É um absurdo esse descaso com trabalhadores que dividem o mesmo prédio num contexto de pandemia, que coloca a vida das pessoas em risco. Nós estamos pedindo que o banco estenda o tratamento a esses colegas para o teletrabalho”, explica Cristiane Zacarias, representante do Paraná na COE Bradesco nas negociações com o banco.

Os trabalhadores prometem manter a paralização, e demais manifestações, nos próximos dias até que a empresa altere o regime de trabalho durante este período do surto do novo coronavírus.

Protestos semelhantes a este ocorreram recentemente em outras empresas do mesmo setor tendo como resultado o home office e, em alguns casos, a determinação de férias coletivas.

Em nota a empresa Neobpo informou que as atividades não foram paralisadas e o que ocorreu foi uma reunião para orientação dos funcionários. Disse ainda, que além do rodízio dos operadores, a empresa está tomando medidas de higienização do ambiente de trabalho e que a implantação do trabalho remoto está em estudo. Confira a nota na íntegra:

“A Neopbo está inserida em um dos segmentos que certamente serão fundamentais para garantir que os cidadãos possam comunicar-se uns com os outros no que tange ao atendimento de suas necessidades. Ao realizar o atendimento às empresas de saúde, de eletricidade, indústrias, e alimentação, a Neobpo trabalha para entregar o melhor à sociedade.

Em compromisso com a transparência com seus colaboradores, a Neobpo esclarece que segue normalmente com suas atividades, amparada pelo Decreto federal nº 10.282, de 20 de março de 2020, que garante o pleno funcionamento das empresas de Telemarketing por serem estas consideradas de serviços essenciais. 

Em relação ao movimento registrado em seu site localizado em Curitiba (PR), os colaboradores não chegaram a parar suas atividades. O departamento local de RH tomou a iniciativa de reuni-los, prestando todas as informações necessárias, e as atividades rapidamente retornaram ao seu ritmo normal.

A Neobpo segue incansavelmente as ações necessárias no preventivo da Covid-19 (popularmente conhecida como novo coronavírus), orientando quanto à higienização das mãos, bem como disponibilização de álcool em gel em dispensers em todos os ambientes. Os operadores estão trabalhando em esquema “xadrez”, ou seja, com os funcionários sentados de forma alternada e com as PAs respeitando a distância mínima de 1m entre cada colaborador estabelecida pela OMS. Continuamos a realizar diariamente a aferição de temperatura com termômetros digitais em todos os colaboradores, já que a febre é um dos principais alertas da doença, e como reforço de nosso programa educativo interno, disponibilizamos kits de álcool 70% para higienização e limpeza recorrente das P.As.

 A Neobpo segue realizando um diagnóstico de funcionários e máquinas para mapear as possibilidades de continuidade do atendimento via sistemas remotos. Adicionalmente e de forma assídua, a equipe de facilities da Neobpo realiza a limpeza dos espaços comuns – em especial dos itens de manuseio frequente, tais como maçanetas, puxadores, torneiras, bebedouros, micro-ondas, catracas, etc. Todos os materiais de trabalho dos nossos colaboradores  (como teclados, mouse e headset) são higienizados com álcool para garantir a segurança de todas. Orientações extras, como não encostar as mãos no rosto; não abraçar; não cumprimentar; manter o espaçamento entre posições e a priorização de reuniões via videoconferência também são destaques de nosso programa interno educativo. 

Vale ressaltar que a Neobpo não teve nenhuma paralisação efetiva em suas operações, e que os colaboradores estão sendo constantemente comunicados sobre o tema, bem como auxiliados no esclarecimento de dúvidas e orientações de prevenção. As nossas alternativas para o momento não prevêem nenhum desligamento de pessoas. ”

por Everton Mossato, com informações da Fetec-CUT-PR

About Everton Mossato

É jornalista, cofundador do Parágrafo 2, "emprestado" ao funcionalismo público. Descabaçou como repórter em jornais de bairro de Curitiba. Já teve uns blogs e editou o documentário Tabaco - As folhas da incerteza. Aprecia o ritmo de produção intermitente e acredita que boas "estórias" devem ser contadas sem pressa.