Filosofia Di vina
Em dezembro de 1968, o então governo militar instaura o A.I.5, que ficou conhecido como golpe dentro do golpe. O povo, que acreditou que os militares cumpririam somente o tempo do mandato de Jango, só se livraria deste pesadelo 21 anos depois. A partir de 2013, multidões ocuparam as ruas, três anos depois a mídia canalizou essa fúria para um inimigo comum, na época as figuras de Dilma e Lula. Dilma propõe uma reforma política, a mídia se cala. Com o apoio de movimentos mercenários como o MBL e outras aberrações, financiados por partidos e instituições internacionais e com a ajuda da mídia, houve um afunilamento de toda esta gama de reivindicação a uma única causa: o combate a corrupção e, com algumas horas de Jornal Nacional, fica fácil a assimilação entre corrupção e governo Dilma.
Eduardo Cunha, o calhorda mor, após o golpe é descartado e abandonado pela sua própria quadrilha. Temer surge como a figura que salvaria o Brasil, nos livraria da crise e traria novamente a felicidade às pessoas de bem.
Em menos de um ano de governo, tratou de implantar um plano de reformas que nos leva de volta aos anos 1930, quase um século de anacronismo, portanto.
Grande parte da imprensa segue as diretrizes da rede Globo que, desde 1965, está a serviço das elites, até então nenhuma novidade. Nas ultimas semanas a própria Globo puxa o canto mais popular do momento, o famosíssimo “Fora Temer!”. Teria o canal de televisão mais golpista do hemisfério sul finalmente ouvido o que gritam as ruas?
Após as delações e áudios, o governo Temer, sem condições de prosseguir com o plano neoliberal, cai ainda mais a cada dia. A um passo do abismo, o tirano dá seus últimos suspiros: tenta, na marra, aprovar na câmara e no senado mais dois duros golpes para a população trabalhadora, que os jornalões insistem em chamar de reformas. Para isso, usa, inclusive, da força militar, mostrando que nossa já fragilizada democracia corre perigo eminente.
Obviamente, o interesse dos vassalos do capital nada tem a ver com as questões morais da política brasileira, mas este é o argumento para tirar em uma só tacada o impopular Temer e o playboy da cocaína, Aécio Neves. O que está por trás desta manobra é com certeza algo assustador, uma reedição do golpe dentro do golpe. A alternativa do povo brasileiro é uma só: exigir eleições diretas ocupando todos os espaços. Enquanto a PM protege Ali Babá e os ladrões, o povo sangra nas ruas respirando gás e tomando tiro. Nos bastidores, o PSDB ainda se mantém na base aliada para, obviamente, usufruir de uma possível eleição indireta que será uma maneira de trocar a roupagem política, mantendo a essência do golpe de 2016, que é uma mistura de ressentimento de classe e político com retirada de direitos, visando manter os privilégios de uma elite pérfida e cruel. A lição mais simbólica que se pode tirar desta crise construída é mais obvia: capital e democracia não andam de mãos dadas.