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Fazendeiros atacam Ava-Guaranis com caminhões, pauladas e tiros no Oeste do Paraná

Mais um ataque de fazendeiros contra uma comunidade Ava Guarani aconteceu na manhã desta quinta-feira (17), no município de Guaíra, no Oeste do Paraná. Quatro tratores e um caminhão foram usados na investida que deixou duas pessoas feridas na Tekoha Yvyju Avary, uma das aldeias da Terra Indígena Tekoha Guasu Guavira.  

Passava das 8h quando os tratores e um caminhão com empregados dos fazendeiros avançaram sobre a comunidade em retomada, a mando do fazendeiro que pretende expulsar os indígenas da área. Uma das lideranças foi golpeada a pauladas por um e outra atropelada por uma caminhonete. Ambas seguem em atendimento hospitalar.        

A área que sofreu o ataque é uma das aldeias em processo de conciliação. Segundo a Comissão Guarani Yvyrupa, o fazendeiro que realizou os ataques tinha aceitado avaliar a venda da propriedade para a regularização fundiária da Terra Indigna, enquanto o outro decidiu exterminar a aldeia.

A Força Nacional de Segurança Pública foi acionada e deve ir até o local. Enquanto isso, a comunidade segue exposta a riscos e teme novos ataques.       

A escalada de violência dos fazendeiros anti-indigena na TI Tekoha Guasu Guavira, nos municípios de Guaíra e Terra Roxa, atingiu níveis alarmantes, uma situação de calamidade pública.   

Confira os vídeos gravados durantes os ataques na manhã do dia 17/10


No último domingo (13/10), a aldeia Y’hovy, também na cidade de Guaíra, foi atacada a tiros de arma de fogo oriundos de uma fazenda próxima enquanto a comunidade estava em um momento de lazer. Os disparos vieram após um carro desconhecido rondar a aldeia e filmar as lideranças.         

A Comissão Guarani clama às autoridades para que cumpram com a sua responsabilidade de garantir a segurança e a integridade física das comunidades, assim como que essas agressões sejam apuradas com a devida responsabilização dos criminosos.

As comunidades indígenas Avá-Guarani que habitam a região oeste do estado do Paraná distribuem-se atualmente em 14 aldeias – ou tekohas– que compõem a Terra Indígena (TI) Tekoha Guasu Guavirá, e 10 aldeias que compõem a Terra Indígena Tekoha Guasu Okoy Jakutinga, localizadas às margens do rio Paraná e de seus afluentes.

No início de julho, os guaranis começaram um movimento de expansão das aldeias e também de retomada de áreas dentro da Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá, que foi delimitada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em 2018, após longo processo de luta e muitas reivindicações. A reserva fica nos municípios de Guaíra, Terra Roxa e Altônia e vários trechos dela estão hoje em fazendas da região. São 165 os produtores rurais dos municípios de Guaíra e Terra Roxa que têm trechos de terra na Reserva Indígena. As propriedades somam cerca de 24 mil hectares.

Depois das ocupações, fazendeiros da região promoveram diversos ataques contra os indígenas em várias retomadas. Tiros foram disparados, acampamentos incendiados e guaranis foram atropelados.

A tensão levou a Força Nacional de Segurança à região. No entanto, a atuação da Força tem sido alvo de críticas por parte dos indígenas. Segundo os Ava-Guaranis, os agentes são omissos em coibir atos de violência e ameaças realizados por fazendeiros da região.

As Terras Indígenas do Oeste do Paraná e sua demarcação

 As Terras Indígenas da região Oeste do Paraná são uma parte do território tradicionalmente ocupado pelos Avá-Guarani que não foi submersa pelo reservatório da Usina Hidrelétrica de Itaipu.

Os guaranis foram expulsos durante a ditadura para que a usina pudesse ser construída. Terras da comunidade e áreas consideradas sagradas, como a cachoeira de Sete Quedas e cemitérios, foram alagadas para a instalação da megaobra. Grande parte dos territórios indígenas foi inundado.

O Parágrafo 2 tem repercutido os ataques aos Ava-Guarani deste o mês de julho. Nos links abaixo você pode acompanhar a cobertura e entender com mais profundidade a situação na região:

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About José Pires

É Jornalista e editor do Parágrafo 2. Cobre temas ligados à luta indígena; meio ambiente; luta por moradia; realidade de imigrantes; educação; política e cultura. É assessor de imprensa do Sindicato dos Professores de Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana - SINPES e como freelancer produz conteúdo para outros veículos de jornalismo independente.

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