*Com informações do Brasil de Fato Paraná e do Movimento Popular por Moradia
Na manhã desta terça-feira (09), por volta das 6h, mais de 60 famílias da Ocupação Tiradentes II, na Cidade Industrial de Curitiba, foram despejadas de uma área que ocupavam a quase um ano.
A ordem de reintegração de posse foi assinada pela juíza substituta Franciele Cit, da 17ª Vara Cível de Curitiba. Ela também determinou o pagamento de auxílio-moradia de R$ 600 para as famílias desabrigadas, que deve ser depositado em juízo no prazo de cinco dias.
Moradores relatam que viaturas da Polícia Militar (PM) e do Corpo de Bombeiros chegaram no local para cumprir o mandato de reintegração no mesmo dia em que a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) e a Superintendência Geral de Diálogo e Interação Social (Sudis) realizariam o mutirão final de cadastramento das famílias para o auxílio-moradia, previamente negociado.
As famílias da Ocupação Tiradentes haviam conseguido um acordo para que a Cohab pagasse um aluguel social para que os moradores deixassem o local, mas o Grupo Solvi/Essencis desprezou o acordo e acionou novamente a Justiça para que a reintegração fosse efetivada.
O Movimento Popular por Moradia (MPM) – que é o organizador da Ocupação- destaca que “o cumprimento absurdo de uma reintegração de posse em vias de uma negociação pacífica mostra o desprezo e o descaso das autoridades e da parte autora, a Essencis Soluções Ambientais com a grave situação de abandono das famílias que não tem condições de arcar com os custos do aluguel e são empurradas para uma situação habitacional extremamente precária. Porém, pior do que isso, é ter se cumprido uma reintegração de posse enquanto ocorria negociação com as famílias e o Movimento Popular por Moradia. As famílias e o MPM expressam profunda indignação com a ação traiçoeira da empresa e a desumanidade do ocorrido. Continuaremos lutando por justiça e dignidade”.
“A empresa se negou e preferiu o despejo violento, especialmente em um dia frio como esse, em que as pessoas estão tendo que desmontar seus barracos para cumprir a ordem de reintegração”, diz Chrysantho Sholl Figueiredo, coordenador do MPM. Segundo ele, a Essencis, recusou ao acordo da Cohab, que previa a desocupação voluntária da área.
Vídeos divulgados pelo MPM nas redes sociais mostram que o aterro Essencis disponibilizou seus próprios funcionários para realizar o carregamento dos móveis dos moradores despejados.
O Grupo Solvi/Essencis é um conglomerado com mais de 60 empresas que atuam no Brasil e outros países da América do Sul. Partiu dele o pedido de reintegração de posse. O Parágrafo 2 preparada duas reportagens especiais, a serem publicadas nas próximas semanas, sobre a história do Grupo Solvi, o rastro de crimes ambientais em diversas cidades do Brasil e o envolvimento do grupo em diversos crimes nos países onde atua.