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“Em breve Beto Richa e sua cúpula política estarão atrás das grades, não vejo outra possibilidade”, diz Requião

Por José Pires e Everton Mossato

Voz ativa da oposição no Senado o senador Roberto Requião participou, na noite da última quarta feira (06), do 11 ° Congresso Nacional de Sindicatos de Engenheiros em Curitiba. Na oportunidade Requião falou ao Parágrafo 2 sobre as privatizações no Brasil, sobre o dinheiro encontrado no apartamento ligado ao ex ministro Geddel Vieira Lima, sobre a relação do Congresso Nacional com o presidente Michel Temer, sobre a delação envolvendo o nome do governador Beto Richa e sobre seus planos para 2018. Confira.

Parágrafo 2: Nas últimas semanas o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), teve seu nome citado por Eduardo Souza Lopes em delação no processo da “Operação Quadro Negro”. A acusação é de que o tucano, além de membros de seu governo e deputados de sua base, recebeu boa parte dos R$ 17 milhões que teriam sido desviados da construção de escolas estaduais. Como o senhor classifica a situação política do Paraná hoje e como o estado estará em 2019, quando uma nova administração assumir o governo?

Requião: Em primeiro lugar eu acredito que a atual cúpula do governo do Paraná vai para a cadeia. Não vejo outra possibilidade diante das acusações que vieram à tona. Nosso estado precisa de um governo sério e experiente para colocar as coisas no lugar. Não vai ser fácil porque nosso estado está quebrado, o Beto Richa se apropriou de mais de R$ 8 milhões da previdência estadual e é o próximo governo que terá que cobrir esse rombo.

Parágrafo 2: Quando o governador Beto Richa se candidatou pela primeira vez ao governo do estado, em 2010, o senhor disse que ele poderia até ter qualidades, mas que não teria competência para gerir o Paraná. Como o senhor vê o atual governador hoje, faltando pouco mais de um ano para o fim de seu mandato?

Requião: Na última campanha o Beto Richa cooptou 17 partidos e no Brasil isso é contra a lei. O Beto “leiloou” as secretarias do estado e colocou um extremo liberal na área econômica. Ele perdeu totalmente o controle sobre a economia do Paraná e destruiu a educação do nosso estado. Participou de esquemas de corrupção que desviaram milhões da construção de escolas, ou seja, conseguiu lesar gravemente nosso estado durante todo o seu mandato.

Parágrafo 2: O chefe da Casa Civil do Paraná, Valdir Rossoni, é um dos acusados por Eduardo Souza Lopes em sua delação na “Operação Quadro Negro”. Dias depois da delação ele disse, em uma rede social, que seria melhor governador do que qualquer outro candidato. Como o senhor vê o estado do Paraná sob a administração de Rossoni?

Requião: Eu acho que em muito pouco tempo estarão todos eles conversando com o André Vargas lá em Pinhais. Tenho absoluta certeza, do contrário não pode haver justiça, as acusações são pesadíssimas. Em breve o Beto Richa e a cúpula do seu governo vai estar atrás das grades, não vejo outra possibilidade.

Parágrafo 2: O Brasil passa hoje por uma “onda de privatizações”. São 58 projetos do governo federal que envolvem privatizações e concessões que atingem desde o setor energético até parte da Amazônia. A seu ver quais são as consequências dessa iniciativa para o país a médio e longo prazo?

Requião: Estão acabando com o estado nacional, com o social e estão transformando o Brasil em uma economia dependente de interesses de países mais desenvolvidos. Esse foi o preço do golpe parlamentar que retirou a Dilma da presidência e agora eles estão dando a contrapartida para os financiadores.

Parágrafo 2: O senhor está colhendo assinaturas no Senado na intenção de realizar um plebiscito popular, do que se trata?

Requião: Há a previsão legal de um plebiscito de consulta popular sobre essa medidas que envolvem a entrega do nosso petróleo, do nosso setor elétrico, da entrega da Amazônia, das modificações das leis trabalhistas, algumas precisavam ser feitas, mas as horrorosas que escravizam o trabalhador, não. O próximo governo precisa submeter essas decisões à consulta pública, o povo precisa dizer como quer as coisas, não os interesses financiadores de golpe.

Eu acho que em muito pouco tempo estarão todos eles conversando com o André Vargas lá em Pinhais. Tenho absoluta certeza, do contrário não pode haver justiça, as acusações são pesadíssimas. Em breve o Beto Richa e a cúpula do seu governo vai estar atrás das grades, não vejo outra possibilidade.

Parágrafo 2: Mesmo envolvido no escândalo da JBS e com uma baixa aprovação popular o presidente Michel Temer (PMDB) tem tido importantes vitórias no Congresso Nacional no tocante a aprovação de projetos enviados pelo Executivo, como a aprovação da Reforma das Leis Trabalhistas, por exemplo. O que explica essa força política?

Requião: Ele tem tido sucesso porque o Congresso está absolutamente submisso às vontades do governo que consegue aprovar consideráveis emendas parlamentares no mesmo dia em que a Policia Federal encontra milhões de reais no apartamento do ex ministro de Temer o Geddel Vieira. No Congresso, inclusive, eles disseram que aquilo não é dinheiro de roubo, são as economias do Geddel. Disseram que desde pequeno ele tem cofrinhos onde guarda as sobras de sua mesada e que a Policia Federal foi desleal ao não mostrar os cofrinhos de porcelana onde ele começou a sua poupança.

Parágrafo 2: Quanto ao cenário que tem se desenhado para a disputa presidencial do próximo ano, como o senhor vê nomes como Jair Bolsonaro, João Dória, Ciro Gomes?

Requião: São nomes terríveis. Precisamos de um projeto de governo, com referendo onde o povo possa decidir o caminho e possa revogar todas essas medidas que tem leiloado boa parte do Brasil.

Parágrafo 2: E quais são seus planos para 2018?

Requião: Vou ser um militante político, participando do processo com todas as minhas forças, habilidades e conhecimento. O que eu quero é ver o Brasil mudar, sem ambição pessoal alguma.

About José Pires

É Jornalista e editor do Parágrafo 2. Cobre temas ligados à luta indígena; meio ambiente; luta por moradia; realidade de imigrantes; educação; política e cultura. É assessor de imprensa do Sindicato dos Professores de Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana - SINPES e como freelancer produz conteúdo para outros veículos de jornalismo independente.