Foto: Ricardo Giusti
Em meio às enchentes que assolam o Rio Grande do Sul, cerca de 40 comunidades indígenas foram afetadas com mais de 3.700 famílias sofrendo os impactos das chuvas.
Entre os indígenas vítimas da catástrofe ambiental estão os que residem próximas à BR-290, rodovia que parte do litoral centro-norte do estado e vai até o município de Uruguaiana, na fronteira com a Argentina.
E em meio ao estado de calamidade pública, lideranças indígenas denunciam que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que é ligado ao Ministério dos Transportes, destruiu a comunidade Guarani Pekuruty, na localidade de Arroio da Divisa, no município de Eldorado do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
A denúncia foi divulgada pela Comissão Guarani Yvyrupa, organização indígena que congrega coletivos do povo Guarani nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. A Comissão destaca que no dia 03 de maio, funcionários do DNIT estiveram na comunidade e promoveram a destruição das moradias, da escola indígena e demais instalações da aldeia enquanto as famílias indígenas estavam alojadas de forma emergencial em uma escola da região.
A Comissão Guarani Yvyrupa ressalta que a destruição do acampamento Guarani, em meio à extrema situação de vulnerabilidade vivida pela comunidade, que segue abrigada de maneira provisória e emergencial sem acesso, no momento, ao local da aldeia “é um disparate que denota a atuação discriminatória em relação aos povos indígenas no Rio Grande do Sul”. Confira a publicação da Comissão em suas redes sociais:
https://www.instagram.com/p/C6jp8H7v05j/
Conforme a denúncia, Estevão Garai, cacique da comunidade Guarani Pekuruty afirma que quando as famílias foram deslocadas para um abrigo o DNIT, sem consentimento dos Guaranis, destruiu as edificações da comunidade.
As famílias vivem no Subdistrito Parque Eldorado e reivindicam seu território há décadas. Elas estão entre as seis tekoa guarani impactadas pelo empreendimento de duplicação da BR-290.
A Duplicação da rodovia é um empreendimento de responsabilidade do DNIT, e atualmente encontra-se em fase de renovação da Licença de Instalação pelo IBAMA. As comunidades indígenas impactadas pelo empreendimento reivindicam a suspensão da licença até que sejam efetivadas na integralidade todas as ações necessárias para dirimir os impactos negativos sofridos pelas aldeias.
Está em curso, junto ao Ministério Público Federal (MPF) e outros órgãos, um processo de negociações para assentar as famílias, pertencentes a essa comunidade, em outra área, a ser cedida, provisoriamente, pela prefeitura de Eldorado do Sul, até que se resolvam as demais questões fundiárias.
A Comissão Guarani Yvyrupa lançou campanha de arrecadação de fundos para apoiar as comunidades Guarani atingidas pela catástrofe:
Doe através do Pix – CNPJ: 21.860.239/0001-01