Coluna Filosofia di Vina
A confederação OXFAM que atua em 90 países alertou que o Brasil estagnou no combate a desigualdade. Em números, o retrocesso representa que 13 milhões de pessoas viviam na miséria em 2015, em 2017 o número salta para 15 milhões. De 6,5% da população para 7,2%. O cálculo é feito pela renda percapita, é miserável aquele que tem renda média de menos de 1,90 dólares por dia.
O retrocesso se desdobra em vários níveis como salário de negros menores em comparação com brancos, salários de homens maiores quando comparados com os das mulheres e também renda por região.
Uma indagação importante que não devemos deixar de fazer é: que Brasil fica mais pobre?
Não precisa de muito esforço para perceber quem sangra no final desta conta. Para alimentar os privilégios de poucos o trabalhador paga com seu suor e sua vida a nefasta conta dos mais ricos. Em media a renda dos 50% mais pobres da população não ultrapassou os R$ 787,69 mensais, menos que o salário mínimo. Porém a renda média dos mais ricos aumentou em 6%.
Segundo os estudos da PNUD das Nações Unidas, mais de 50% da população mundial recebe o equivalente a 1% da riqueza produzida no mundo, no Brasil 5% da população mais rica detém a mesma fatia da renda que os 95% mais pobres. Além disso, 0,1% da população recebe em um mês o que um trabalhador que ganha um salário mínimo levaria 19 anos para ganhar, isso é claro, se não gastasse nenhum centavo e trabalhasse ininterruptamente.
O trabalhador brasileiro, já calejado pela crise constante que é sua vida, percebe estes dados na dura realidade da sua subsistência; na falta de elementos básicos como alimentação e vestuário. É interessante lembrar que em 2017 12,3 milhões de casas humildes voltaram a cozinhar com lenha, por não terem condições de comprarem botijão de gás, que vale o quanto pesa em ouro.
A visita indesejada da fome sentada nas mesas mais pobres do país é um dado brutal. A desigualdade eleva o número de violência e agrava o caos da saúde e educação.
Obviamente que a desigualdade não abala o estoque de Moët & Chandon e nem tira o caviar Beluga das grandes mesas. A classe política brasileira que goza uma vida confortável pouco se atenta a estes dados. O STF que passará a ter um salário de 39 mil reais faz escárnio com quem trabalha, graças ao lacaio de sempre, Temer. Os pobres do país aplaudem os grandes heróis de capa preta, os patriotas de última hora esquecem que o Brasil real é o Brasil que está novamente no mapa da fome, e se contentam em serem sommelier de botas, hora de sapatos Dolce & Gabbana, hora de botina de milico mesmo.
Como enfrentar a pobreza? O patriotismo cego aposta em um remédio amargo para os mais pobres, 20 anos de congelamento de gastos públicos para serviços sociais, diminuição de direitos trabalhistas, reformas educacionais, mordaça para professores, privatização em larga escala e manutenção de uma carga de impostos injusta.
Estamos em 9° colocado numa lista de 189 países, estamos entre os 10 mais desiguais do planeta. Ocupam a lista: Namíbia, Suazilândia, República Centro africana entre outros. Com estas medidas que estão sendo tomadas, em breve, alcançaremos as primeiras posições.
A situação fica mais clara ao notarmos os planos de futuro. Não serão os marajás de sempre que farão o enfrentamento. Não devemos esperar dos representantes este combate aos privilégios, pois, sabemos de que lado estão. Quando se diminui direitos para salvar privilégios a resposta deve ser dada nas ruas.