Dezesseis deputados federais do Paraná, eleitos em 2014, receberam doações de campanha de empresas ligadas ao trabalho escravo, ou seja, mais da metade dos 30 que representam o estado em Brasília. É o que revela o Ruralômetro, um banco de dados e uma ferramenta interativa criada pela Repórter Brasil. A iniciativa mede como os parlamentares agiram frente a projetos de lei e medidas provisórias que têm impactos sobre o meio ambiente, os povos indígenas e trabalhadores rurais, além de revelar aqueles que receberam doações de empresas ligadas ao trabalho escravo, com dívidas junto ao Ibama ou que tenham empresas que estejam devendo ao INSS. É uma espécie de “termômetro moral”.
Desenvolvida por uma equipe multidisciplinar, a ferramenta parte de duas bases de dados para medir a atuação dos parlamentares nessas áreas: seus votos nesta legislatura e os projetos de lei propostos por cada um. Assim, o Ruralômetro “mede a febre” de cada deputado federal com base na sua atuação perante projetos de lei e também por meio de seus financiadores de campanha.
Dinheiro sujo
Segundo o Ruralômetro, pelo menos um em cada dez deputados federais teve sua campanha financiada por empresas flagradas utilizando mão de obra análoga à escrava. Na eleição de 2014, 51 dos 513 parlamentares eleitos receberam R$ 3,5 milhões de empresas que estão ou estiveram presentes nos cadastros de empregadores autuados pelo crime.
O MDB é o partido com mais deputados que recebeu dinheiro desse grupo, com 13 membros, o que representa 20% de sua bancada. Já o PT é o segundo, com 11 deputados, ou 16% da bancada do partido na Câmara.
No Paraná, o PP lidera a arrecadação de empresas ligadas ao trabalho escravo. E também é do Partido Progressista o deputado que mais recebeu, Nelson Meurer com um total de R$ 1.221.550 doados por empresas ligadas ao trabalho escravo ou com dívidas junto ao Ibama.
Confira a lista dos deputados e o valor que cada um recebeu durante a última campanha eleitoral
Sérgio Souza (MDB) – Recebeu R$ 27,000 de empresas flagradas com trabalho escravo ou com dívidas com o Ibama.
João Arruda (MDB) – Recebeu R$ 100,000 de empresas flagradas com trabalho escravo ou com dívidas com o Ibama.
Sandro Alex (PSD) – Recebeu R$ 25, 000 de empresas flagradas com trabalho escravo ou com dívidas com o Ibama.
Dilceu Sperafico (PP) – Recebeu R$ 1,012,000 de empresas flagradas com trabalho escravo ou com dívidas com o Ibama.
Nelson Meurer (PP) – Recebeu R$ 1,221,550 de empresas flagradas com trabalho escravo ou de empresas autuadas pelo Ibama
Ricardo Barros (PP) – Recebeu R$ 627,000 de empresas flagradas com trabalho escravo ou de empresas autuadas pelo Ibama
Marcelo Belinati (PP)– Recebeu R$ 125,600 de empresas flagradas com trabalho escravo ou de empresas autuadas pelo Ibama
Luiz Nishimori (PR) – Recebeu R$ 245,000 de empresas flagradas com trabalho escravo ou de empresas autuadas pelo Ibama
Takayama (PSC) – Recebeu R$ 55,000 de empresas flagradas com trabalho escravo ou de empresas autuadas pelo Ibama
Valdir Rossoni (PSDB) – Recebeu R$ 84, 525 de empresas flagradas com trabalho escravo ou de empresas autuadas pelo Ibama
Rubens Bueno (PPS) – Recebeu R$ 100,000 de empresas flagradas com trabalho escravo ou de empresas autuadas pelo Ibama
Leopoldo Meyer (PSB) – Recebeu R$ 35,000 de empresas flagradas com trabalho escravo ou de empresas autuadas pelo Ibama
Luciano Ducci (PSB) – Recebeu R$ 110,000 de empresas flagradas com trabalho escravo ou de empresas autuadas pelo Ibama
Assis do Couto (PDT) – Recebeu R$ 95,000 de empresas flagradas com trabalho escravo ou de empresas autuadas pelo Ibama
Zeca Dirceu (PT) – Recebeu R$ 21,000 de empresas flagradas com trabalho escravo ou de empresas autuadas pelo Ibama
Enio Verri (PT) – Recebeu R$ 95,000 de empresas flagradas com trabalho escravo ou de empresas autuadas pelo Ibama
O que dizem os deputados
Nada. Nenhuma assessoria respondeu às mensagens enviadas pelo Parágrafo 2 até o fechamento desta matéria.