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Da facada ao Covid: o azar sortudo de Bolsonaro

A polarização da sociedade brasileira se intensifica, uns apóiam o STF, outros o rachão, uns a liberdade de imprensa, outros a liberdade de mentir no caso das fake news, uns o vírus, outros o verme. Seguimos polarizados, enquanto passa dos 65 mil mortos o número das vítimas da pandemia no Brasil.

No país da Lava-jato e seus parceiros no FBI, a esposa de Dória, em uma análise sociológica, de seu sofá, diz que morar na rua é uma opção em um dos países mais desiguais do globo terrestre. No mesmo período em que a Lava-jato tem exposto um pedaço de suas entranhas mais mal cheirosas, a cabeça de José Serra é entregue ao público numa tentativa feita às pressas de legitimação.

Enquanto o mundo despenca ao seu redor, o presidente contrai a Covid-19 e amigavelmente apresenta seus exames. Haveria um ganho político para o presidente no momento?

Haveria ganho político em levar uma facada que fez sua popularidade disparar enquanto o isentava de todos os debates? Seria muita desconfiança achar que o presidente que se elegeu para combater um kit gay, que nunca existiu, seria capaz de tamanha encenação?

O fato é que o presidente tem dois exames confirmados (pelo Hospital das F.A!) o que está em jogo? Suponhamos que seja verídico, Bolsonaro terá o melhor atendimento hospitalar, muito diferente dos milhões de brasileiros que morrem de doenças curáveis todos os dias. A cura do presidente reforçará o discurso contra o isolamento social e, de quebra, justificará as mais de 1,2 milhões de doses de Cloroquina produzida pelos laboratórios, de quem? Do exército! O Cloroquina boy poderá expor seu sorriso mais cínico novamente.

Ficam em segundo plano, o fato de estarmos na maior crise sanitária das últimas décadas, não termos um plano para atuação e combate ao Corona vírus, não termos sequer um ministro da saúde efetivo. Ademais, uma poucas medidas do governo federal foi a não divulgação dos dados de morte e contágio. O milagre da Cloroquina, negada em todos os países que foi testada, salva, não somente Bolsonaro, mas também sua popularidade que anda em baixa. Sua imagem de pior líder para combater a pandemia também muda, de carrasco para vítima. 

O caso Queiroz que como um fantasma atrás da porta incomoda Bolsonaro e sua família, também passa para a segunda página dos jornais, aquela que quase ninguém lê. Mas o Queiroz, a milícia, o Wassef não tiram o sono somente de Bolsonaro, mas sim dos militares que endossam seu governo desastroso em todos os aspectos. De qualquer forma, o azar de Bolsonaro pode salvá-lo novamente, pois, é mais fácil perdoar a vítima do que o vilão.

About Rafael Pires de Mello

Rafael Pires de Mello é formado em filosofia pela UFPR, gosta de inutensílios como cinema,literatura,música e é claro o maior de todos, filosofia. Tem a tendência de chorar com música romântica quando bebe demais.