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Coluna Resgatando Nossa África – O Sagrado e a Pandemia

Bem meus leitores, aqui estou novamente para falar sobre o olhar das Religiões Africanas e afro-brasileiras..

Começo dizendo que, em nossa maneira de ver o mundo, não existe morte como em algumas outras religiões, entendemos o universo como um conjunto e que a vida não acaba aqui neste plano espiritual, a vida ultrapassa todos os caminhos entre o Orun (Céu ou Infinito em Yoruba) e o Aye (Terra em Yoruba), ou seja, no mundo material e imaterial somos um corpo em trânsito, as vezes em um espaço, outras vezes em outro.

Temos vários mitos que nos remetem a continuidade da vida: Temos Arun, que é a doença, temos Iku, que é o Orixá que nos leva de volta para casa, entre muitos outros.

Entendemos que, nada que usamos nos pertence eternamente, apenas temos o direito de usar e depois deixar para os próximos que chegarão, temos que preservar tudo e procurar deixar bem cuidado para os que chegarem neste plano terrestre, daqui, não levamos nada que seja material, por isso Deus (Que conhecemos como Eledumare) nos deu Ori, a cabeça humana, para que façamos nossas escolhas e tomemos nossas decisões.

As religiões vão sempre procurar levar as melhores palavras e os melhores conselhos para seus adeptos, assim que enxergo as religiões, como um porto seguro nos mostrando sempre o melhor caminho e nos assegurando de uma boa direção mediante a fé, tudo que temos em nossas vidas depende de nós, mas é nossa fé que permite que não sejamos tomados por nossas ambições.

Temos um grande problema hoje no mundo chamado Covid-19, acredito que a sociedade em si esteja apavorada com os recentes acontecimentos, notícias diárias de um vírus que se renova a cada dia, criando novas e novas Cepas, as semanas são responsáveis por trazer um novo desafio, tomamos diversas medidas protetivas como a utilização da máscara, álcool, distanciamento, lockdowns e a tão esperada vacina, mas mesmo com tudo isso, vemos que essa situação está longe de acabar.

Por isso a religião é tão importante neste momento, não somente a minha, ou a sua, mas sim, todas em que possamos buscar soluções em nossa fé e abrir os nossos corações em uma corrente positiva de amor ao próximo. É importantíssimo que possamos continuar cuidando de nosso sagrado, pois se trata de mais um ‘’Porto Seguro’’ para passarmos por este momento tão conturbado, e, indiferente de tudo que somos ou escolhemos ser, a única forma de passar e sobreviver a este momento é entendendo que juntos somos mais fortes!

Mesmo com toda a distância física que precisamos neste momento, vejo um momento de reflexão onde todos nós temos que fazer nossa parte e dar o máximo para chegar em um entendimento que, além de precisarmos combater diariamente o racismo, a intolerância, a lgbtfobia, o machismo, e mais diversas importantes lutas, é preciso pensar no coletivo, no próximo e entender que o diferente não é seu inimigo.

Vamos aproveitar para pensar que, com toda esta distância, vimos a importância que faz um abraço, um aperto de mão, um beijo no rosto, uma pequena troca que seja, estamos todos sentindo a falta do calor humano, mas nada é por acaso e temos a esperança de que tudo vai, e tem, que melhorar!

Agora somos nós que devemos e faremos a diferença!

Pai Jorge Kibanazambi é estudioso, conhecedor e pesquisador da cultura afro-brasileira. Iniciou-se na religião em 1976 pelas mãos de Mãe Santa de Òrìsàálá. Foi presidente da Afroconesul, é escritor, participou de diversos Fóruns e projetos ligados à cultura afro-brasileira e fundou, em 2004, a Associação Beneficente Afro Brasileira São Jerônimo e São Jorge no município de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. 

Mais sobre o Pai Jorge: https://www.portaljorgekibanazambi.com/

https://www.instagram.com/kibanazambi/

https://www.facebook.com/kibanazambiaxeecia 

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