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Coluna Resgatando nossa África – 13 de maio

Em uma perspectiva minha, um homem negro, filho de Maria de Fatima da Costa Gomes e Luiz da Silva Gomes, nascido e criado na Baixada Fluminense, subúrbio do rio de janeiro, poderia dizer que, tudo que vi em minha vida referente as questões negras daria não só para escrever essa matéria, como poderia render vários filmes, novelas e seriados.

Ser negro neste Brasil demanda força de vontade. Conheço bem de perto o racismo e a discriminação. Uma das coisas que mais me incomodavam era no ônibus, mesmo com ele cheio ninguém queria sentar-se do meu lado, confuso, chegava em casa e perguntava para minha mãe por que, mesmo com lugar livre do meu lado, as pessoas preferiam ficar de pé ao invés de sentar?

Minha mãe ficava muito indignada e dizia:

– São pessoas ignorantes, não dê bola.

Mas um dia percebi que quando meus amigos brancos estavam sentados a situação era diferente.  Não negarei que estas atitudes geravam uma revolta muito grande, ainda bem que tínhamos uma família boa e isso ajuda a preencher o vazio que fica dentro de nós. Mas foi aí que busquei forças para lutar contra este racismo e comecei a pesquisar e estudar sobre o povo negro, seus costumes, religiões, culturas, culinária etc.

E encontrei em minha pesquisa diversos fatos lindos e emocionantes, que fizeram e fazem toda a diferença em minha vida.

Com essa introdução, me chamo Pai Jorge Kibanazambi e trarei novas informações sobre a cultura Afro-brasileira e Africana nesta coluna!

Hoje, falo sobre a abolição da escravatura no brasil. 

 

Edição do jornal carioca “Gazeta de Notícias” de 13 de maio de 1888

Vamos pensar como este povo se sentiu: Não tinham para onde ir, nem a quem pedir ajuda, sem comida e trabalho, pois os administradores do nosso amado Brasil não tiveram a decência de dar pelo menos um emprego e moradia para este povo que ajudou com sua mão de obra a construção do país. Não tiveram nenhum respaldo, e uma pergunta fica pairando no ar: será que foi liberdade ou abandono?

Neste mesmo momento, a Europa já estava passando por decadência financeira e já tinha rumores de uma grande imigração de povos vindos de vários países europeus para o Novo Mundo. Durante 300 anos, ou seja, desde o começo da colonização portuguesa na América, a escravização de seres humanos na África foi uma atividade que trouxe grandes lucros para os portugueses. Vejamos, enquanto os negros serviam como moeda de troca, ninguém sequer ousaria pensar em abolir a escravidão, mais com a chegada da indústria eles ficariam obsoletos, pois a mão de obra braçal já não teria tanto valor.

Os investidores tinham um olhar de que os negros não teriam inteligência para lidar com as máquinas, um olhar de que a Europa era o centro do mundo, os próprios fazendeiros da época preferiam a mão de obra que chegava da Europa. Eles afirmavam que o negro não se adaptaria ao regime assalariado, todas essas questões deixam uma pergunta que não pode ficar sem ser analisada: Porque todas estas ações permanecem até os dias de hoje, permeando a população negra dentro do Brasil?

É bom analisarmos de que forma se encontra a população negra dentro e fora do mercado de trabalho: Os negros se encontram em sua maioria vivendo, como dizem muitas letras de sambas famosos, entre becos e vielas, a sua maior parcela se encontra nas comunidades carentes, abaixo da linha da pobreza e correndo riscos sociais, sem falar as comunidades carcerárias que em sua maioria é negra. O Brasil é o segundo país em população negra no mundo, fazemos parte de 49% da população brasileira, por este motivo, temos que analisar com muito cuidado o dia 13 de maio e estudarmos os reais motivos políticos que levaram a essa data: liberdade ou abandono?

Deixaram os negros sem possibilidade de sobrevivência, vejo uma distância muito grande, pessoalmente, acredito que foi um jeito de se livrar de grandes problemas. Dizem que o barão de Cotegipe, ao receber a lei assinada, teria dito a princesa Isabel: Vossa Alteza Imperial, ganhou a aposta, redimiu uma raça, mas perdeu o trono“. Com a assinatura da Lei Áurea, os latifundiários retiraram o suporte ao Imperador. Não concordaram que não recebessem nenhuma indenização pelos escravos libertos.

Deste modo, passaram a apoiar os republicanos, que cresciam principalmente nas fileiras do Exército, o resultado disso? Um ano e sete meses depois, a monarquia seria derrubada e a Família Imperial expulsa do Brasil.

Temos muito a fazer, só termina quando acaba e se não acabou é porque ainda não é o fim!

Vamos em frente, pois tudo que podemos construir no futuro vem da observação dos erros de nosso passado, não podemos reformar o passado, mas podemos todos juntos construir um futuro melhor.

Fontes Bibliografias: mundo negro, site; www.todamateria.com.br

Pai Jorge Kibanazambi é estudioso, conhecedor e pesquisador da cultura afro-brasileira. Iniciou-se na religião em 1976 pelas mãos de Mãe Santa de Òrìsàálá. Foi presidente da Afroconesul, é escritor, participou de diversos Fóruns e projetos ligados à cultura afro-brasileira e fundou, em 2004, a Associação Beneficente Afro Brasileira São Jerônimo e São Jorge no município de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. 

Mais sobre o Pai Jorge: https://www.portaljorgekibanazambi.com/

https://www.instagram.com/kibanazambi/

https://www.facebook.com/kibanazambiaxeecia 

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