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Cinco filmes sobre música para refletir o mês da Consciência Negra

Por vezes a música assume o papel de voz da militância dos direitos do povo negro, refletindo a história, propondo resiliência e aglutinando às etnias numa linguagem universal. Do erudito ao popular passando por estilos variados entre o rap, samba, jazz, rock, blues, reggae, afrobeat, as batidas, ritmos e vozes estão incrustados nas raízes da música. O trompete vibrante de Miles Davis, o saxofonista John Coltrane, o dançante Fela Kuti, a feroz Nina Simone e Bessie Smith que expressaram em suas canções a luta pelos direitos civis e o direito das mulheres.

Uma pequena cinebiografia para refletir o mês da Consciência Negra, para falar de vidas repletas de drogas, indiferenças, violência, lutas, aceitação? Quem nunca teve a dificuldade de entender a dor e a delícia de ser quem é? A música é um dos caminhos, a tomada de consciência e o respeito às diferenças, I have a dream. Como diz Chico Science “somos todos filhos de uma miscigenação índios, pretos, brancos e mestiços, o seu (sangue) e o meu são iguais corre nas veias sem parar […] nada de errado com a nossa etnia” (Etnia-Afrociberdelia, 1996).

O mundo segundo John Coltrane (2012) – The World According John Coltrane – Dirigido por Robert Palmer e Toby Byron, o documentário conta a história do músico que viveu apenas 40 anos, entretanto, com uma carreira musical extensa. Coltrane fazia da sua música uma miscelânea homogênea, pois trazia para suas canções elementos sonoros de todo o mundo da música japonesa, hindu, oriental, budista, africana e brasileira, além de atuar em outras vertentes do gênero Jazz. O filme traz cenas de arquivo, entrevistas com os saxofonistas Wayne Shorter, Jimmy Heath e com Alice Coltrane, a esposa do músico. Traz performances históricas de várias músicas de John Coltrane, como ‘My Favorite Things’, ‘Naima’, ‘So What’ (em parceria com Miles Davis), ‘Giant Steps’, ‘India’, ‘Number One’ e ‘A Love Supreme’. Disponível no Youtube.

https://www.youtube.com/watch?v=YMFNuDJmc1Q

Fonte:

http://www.livrariacultura.com.br/p/o-mundo-segundo-john-coltrane-5054495

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0209201021.htm

https://www.youtube.com/watch?v=KFJRW7TA13k (link do filme)

Music Is The Weapom (2012) – Dirigido pelos diretores franceses Jean Jacques Flori e Stéphane Tchalgadjie, o documentário traz a história de um dos precursores do Afrobeat ao lado de Mulato Astake, considerado rei do ritmo emergentes do 3° mundo, como o Reggae, o Afrobeat é uma mistura de estilos como o jazz, funk, highlife e cantos africanos. Nascido na Nigéria em 15 de outubro de 1938, multi-instrumentista e ativista político e dos direitos humanos, Fela Kuti dedicou sua vida a música e as causas sociais.

O filme retrata o ativismo do artista e o triste episódio de invasão de sua residência em que foi espaçado e teve a mãe idosa arremessada pela janela por soldados do governo da República Kalakuta. Este fato foi em retaliação a canção “Zombie” lançada em 1977, que compara os métodos do exercito nigerianos a zumbis. O músico nigeriano influenciou nomes como Jorge Ben Jor e Criolo, a propósito você já escutou Mariô? Sabe de nada inocente. Disponível no Youtube.

Fonte:

http://musica.uol.com.br/ultnot/2011/06/24/biografia-revela-musica-e-vida-de-fela-kuti-criador-do-afrobeat-lancamento-e-neste-sabado-25-em-sp.jhtm

http://www.afreaka.com.br/notas/documentario-celebra-ativismo-e-obra-de-fela-kuti/

http://cinefilosconvergentes.blogspot.com.br/2012/07/fela-kuti-music-is-weapon-1982.html

https://www.youtube.com/watch?v=WfrNGST9V_E  (link do filme)

Whats Happened, Miss Simone (2015) – O timbre de Nina Simone é gritante, forte, impositivo, transborda de uma inquietante solidão, dona de uma personalidade marcante e uma interpretação única caminhava entre o blues, jazz, R&B, soul, no palco transmitia a destreza do piano clássico em canções do gênero “pop”. O documentário, produzido pela Netflix e dirigido por Liz Garbuz, mostra momentos da vida da cantora do auge ao ostracismo, das agressões conjugais pelo marido James Baldwin, o crescente agravamento da doença Burnout, a luta pelos direitos civis e o movimento feminista, são passagens marcantes no filme. A cantora nasceu numa época que o meio fonográfico era dominado estritamente por homens e caucasianos, contudo, Miss Simone era ou é uma força viva da natureza, impossível não notar sua presença. Disponível para assinantes da Netflix.

https://www.youtube.com/watch?v=moOQXZxriKY

Fonte:

http://www.adorocinema.com/filmes/filme-233912/

http://revistaogrito.ne10.uol.com.br/page/blog/2015/07/27/critica-filme-what-happened-miss-simone-e-brutal-e-desolador/

Miles Ahead (2015) (Miles da cabeça) – no filme Whiplash (2014) o ganhador do Oscar de melhor coadjuvante J.K. Simmons regente do grupo de Jazz repetia para Miles Teles na bateria “da cabeça, da cabeça, você sabe quando Miles Davis se tornou Miles Davis?”, Simmons fazia referência à busca da perfeição e Davis tornou-se um grande músico quando foi arremessado contra ele um prato de bateria (não lembro muito bem), deve ter pensado “isto é sério”.

Dirigido e interpretado por Don Cheadle (Máquina de Combate em Homem de Ferro e os Vingadores) a Cinebiografia conta a história no auge da carreira, em 1970, em que Miles decide abandonar a carreira e se isolar em casa. Período conturbado na vida do trompetista que estava envolvido com sexo e drogas e passava boa parte do tempo recluso em sua residência e apenas saia para buscar mais drogas. O retorno do músico aos palcos se dá quando o repórter Dave Braden (Ewan MacGregor) determinado a fazer uma reportagem para a revista Rolling Stones encontra Davis e o ajuda a retornar. Disponível para assistir online.

Fonte:

http://cinecartaz.publico.pt/Filme/miles-ahead-361360

http://www.adorocinema.com/filmes/filme-203028/

Bessie (2015) – Produzido pela HBO films, filmado pela diretora Dee Rees (Pariah) e interpretado por Queem Latifah (Táxi e Chicago), o Telefilme traz para as telas a primeira cantora de Jazz a se destacar no meio fonográfico. Conhecida como a “Imperatriz do Jazz” possuía também impressionante produção musical com colaborações de músicos como James P. Johnson, Coleman Hawkins, Louis Armstrong, Don Redman e Fletcher Henderson. Bessie Smith. Segundo Erik Hobsbawn define, no livro a História Social do Jazz, “era uma mulher grande, bela, rouca e bêbada e infinitamente triste. Não houve ninguém como ela”.

Uma cantora de humor instável, preferência sexual por homens e mulheres, fato controverso na época e até hoje, Smith colocava em canções como “St. Louis Blues”, “Empty Bed Blues” e “Downhearted Blues” a efervescência e pluralidade dos tons da sua voz contra o racismo sofrido numa época conturbada nos EUA. Bessie Smith faleceu aos 43 anos, em 1937, vítima de um acidente de trânsito. Disponível para assinantes HBO films.

Fonte:

http://rollingstone.uol.com.br/noticia/hbo-estreia-nos-estados-unidos-filme-sobre-bessie-smith-rainha-do-blues/#imagem

https://pt.wikipedia.org/wiki/Bessie_Smith

http://www.clubedejazz.com.br/ojazz/jazzista_exibir.php?jazzista_id=36

 

About Mario Luiz Costa Junior

Jornalista e Músico, integrante colaborador do Parágrafo 2. Cronista urbano e repórter de cultura e sociedade, tem como referência os textos literários e jornalísticos de Gabriel Garcia Márquez e Nelson Rodrigues, da lírica de Cartola e da confluência de outras artes, como o cinema, no retrato do cotidiano no enfoque da notícia. Acredita que viver é um ato resiliente no caminho de pedra para a luz.