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Chargista do Parágrafo 2 é um dos vencedores do Prêmio Vladimir Herzog

O chargista do Parágrafo 2, Enéas Ribeiro, é um dos premiados do 42º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Enéas foi contemplado na Categoria “Prêmio Destaque Vladimir Herzog Continuado”. Ele, e mais 108 artistas, foram premiados pela continuação da Charge “Crime continuado” de Renato Aroeira.

No mês de junho, o Ministro da Justiça, André Mendonça, anunciou que pediu à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República a abertura de um inquérito para investigar uma charge do cartunista Renato Aroeira publicada no dia 14 no site Brasil 247 e no twitter do jornalista Ricardo Noblat. O Ministro afirmou que baseou o pedido na Lei de Segurança Nacional que prevê punição para quem “caluniar ou difamar o presidente da república”, imputando-lhe “fato definido como crime ou ofensivo à reputação”.

Charge de Aroeira que o Ministro da Justiça tentou censurar

A notícia gerou reações de chargistas de todo o país que viram na atitude do governo uma tentativa de censura e um ataque à liberdade de expressão. A partir daí foi organizado um movimento nas redes sociais, onde chargistas do Brasil e do mundo recriaram a charge de Aroeira, com o título de “Charge Continuada” e postaram nas redes sociais com as hashtags #chargistascontracensura e #somostodosaroeira. Enéas Ribeiro foi um dos chargistas que aderiu ao movimento.

O prêmio

Primeiro prêmio explicitamente antifascista do País, o Prêmio Vladimir Herzog foi, na verdade, uma decorrência da vontade da sociedade brasileira, que se batia então pela democracia e pelos ideais de justiça e liberdade. Sua primeira edição aconteceu em 1978, organizada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, Comitê Brasileiro de Anistia, Comissão de Direitos Humanos da OAB, Comissão de Justiça e Paz da Cúria Metropolitana/SP, Associação Brasileira de Imprensa, Federação Nacional dos Jornalistas. Recebeu apoio imediato das agências e jornais internacionais, que acompanhavam as ações repressivas, os atentados à liberdade de imprensa e, principalmente, as denúncias de desrespeito aos Direitos Humanos e de perseguição àqueles que lutavam pela democratização do País. O objetivo da premiação era estimular os jornalistas, numa época de forte censura, a denunciar estes abusos.

Hoje caracterizado como um dos prêmios mais antigos do Brasil, ele continua vinculado à luta pelos Direitos Humanos e Cidadania, sem envolvimento de empresas, instituições e segmentos jornalísticos. Anualmente são premiadas nove categorias: Artes / Fotografia / Jornais / Rádio / Revista / Internet / TV – Documentário / TV – Jornalismo e Tema Especial. Já foram agraciados inúmeros profissionais que militam nos principais veículos impressos e eletrônicos do País.

Sobre Enéas Ribeiro

Enéas sempre desenhou. Desde a infância, gostava de criar seus próprios super-heróis e personagens. Publicou seu primeiro material em 1993, com 19 anos, no jornal O Estado de Mato Grosso, em Cuiabá. “Passei vários anos trabalhando por lá, fazendo tiras de humor para jornais, ilustrações publicitárias e histórias em quadrinho autorais e institucionais”, conta.

Em 2000 retornou para o Paraná, dividindo seu tempo entre desenhos, quadrinhos e esculturas, Enéas é escultor profissional desde os 13 anos de idade. Em 2007 começou a fazer charges esportivas do “TRIO DE FERRO”, sobre futebol paranaense. Essas charges acabaram chegando até a RIC TV (Record PR), que encomendou as charges animadas para o programa esportivo local. Nesse meio tempo publicou no Jornal do Estado, produzindo também charges esportivas.

Charge continuada feita por Enéas Ribeiro e publicada no Parágrafo 2

No ano seguinte, a Federação Paranaense de Futebol pediu charges e animações do Campeonato Regional, para a FPF TV.  “Foi lá que após uma charge que fiz, do Rio Branco de Paranaguá sendo prejudicado no tapetão pelo STJD, rolou um processo onde alegaram que estavam sendo desrespeitados etc. Como a cabeça do então presidente estava a prêmio, foi o pontapé inicial para a queda do Onaireves e sua trupe, os quais deram o calote em toda a equipe da FPF TV”, lembra Enéas.

Com o fim do programa “Tempo de Jogo” na Record, Enéas foi convidado para desenhar ao vivo as charges esportivas na TV Paraná Educativa, onde também fez as charges animadas. “Mas o grande desafio era desenhar ao vivo mesmo, ao fim de cada bloco sobre o desempenho do time, eu concluía uma charge. Algumas já vinham pensadas de casa, mas muita coisa rolava o insight na hora. Essa experiência foi muito boa”.

Com o fim da FPF TV, os jornalistas do projeto se espalharam, e no fim daquele ano, um deles o procurou para fazer uma charge para o Jornal A SEMANA, que estava surgindo naquela ocasião. Passou quase dez anos trabalhando com eles, onde além das charges, passou também a produzir textos, chegando a mais de 200 colunas, nas quais traziam charges sobre política e comportamento.

Em 2015 teve a oportunidade de fazer as charges na icônica coluna Triboladas, no Jornal Tribuna do Paraná. Após um ano na Tribuna houve a reviravolta do mercado editorial, a Gazeta se tornou virtual e os chargistas de lá foram em sua grande maioria demitidos, o que fez o chargista Tiago Recchia retornar para a Tribuna e Enéas fosse dispensado. O Jornal A SEMANA se tornou portal do Estadão, e um ano depois ele pediu afastamento por motivos pessoais. “Porém a vontade de usar as charges como ferramenta de expressão é mais forte. Após conversa com o Jornal Parágrafo 2, acertamos o cache de 500 mil dólares por charge, e aqui estou”.

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About José Pires

É Jornalista e editor do Parágrafo 2. Cobre temas ligados à luta indígena; meio ambiente; luta por moradia; realidade de imigrantes; educação; política e cultura. É assessor de imprensa do Sindicato dos Professores de Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana - SINPES e como freelancer produz conteúdo para outros veículos de jornalismo independente.