Coluna Filosofia Di vina
O maior país da América Latina está à deriva. Não há nem nunca houve um governo de Jair Bolsonaro. O que há é a continuidade de um golpe, aplicado em 2016, que agora começa a ruir. Começa a ruir devido à maior crise de saúde dos últimos tempos.
O governo insano e medieval era conveniente para as elites até pouco tempo atrás. A figura de Paulo Guedes, o verdadeiro representante do grande capital, está se acabando – o posto Ipiranga está em chamas – com o dólar ultrapassando os cinco reais, Guedes toma medidas de arrocho, que penalizam ainda mais os trabalhadores e trabalhadoras do país.
A pandemia do Coronavírus coloca o golpe a nu. A escalada autoritária de Bolsonaro, apoiado pela milícia, torna-se inviável no contexto de pandemia. Seu discurso anticientífico e anticultural entra em xeque com a possibilidade real de um colapso.
O neoliberalismo cai no vazio, o estado é chamado para salvar a economia e as pessoas. O próprio capitalismo é culpado pela expansão do vírus, enquanto patrões se escondem, a classe trabalhadora enfrenta os mesmos ônibus lotados. O modo capitalista de vida é colocado em questão. A crise de saúde leva os países mais ricos a implementar medidas drásticas, como quarentena e custeamento de salários.
No Brasil, enquanto o presidente culpa a imprensa pelo “conceito de terra devastada”, as medidas são aterradoras como a ridícula proposta de suspender salários por quatro meses, medida que o governo volta atrás, mas deixa outras, tão terríveis quanto, no mesmo pacote de maldades.
Em um desastroso pronunciamento na última terça-feira (24), Bolsonaro, na contramão da história, pede para que as pessoas voltem às suas vidas normais. A qual normalidade se refere? A normalidade de 12 milhões de desempregados, na caótica situação das favelas sem saneamento básico? Enquanto Bolsonaro brinca de governar, Guedes, na outra ponta, entrega o patrimônio nacional a quem pagar menos.
A normalidade é o que não podemos mais aceitar.