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Bolsonaro sangra na avenida e sua reputação vira cinza na quarta-feira

Coluna Filosofia Di vina – A arte da vadiagem na Província do Leite Quente 

 

Não há dúvidas de que o impulso para eleger Bolsonaro aconteceu pela facada, apelidada sarcasticamente pelo brasileiro de “FAKEADA”. Porém, o sangue que não apareceu no suposto atentado começa escorrer agora.

A estocada no flanco veio de onde o aspirante a bobalhão não esperava: das ruas. Como vive imerso nas redes e no mundo virtual, chocou-se com o coro das avenidas que gritavam e o mandavam tomar no lugar que ele mais presa nos outros. Em todas as capitais saíram blocos contra Bolsonaro.

Conhecido historicamente como uma festa desregrada, no Carnaval o alvo óbvio era não só o inominável, mas toda sua trupe de decadentes, e mais: tudo o que eles significam em 2019, que chega aos sessenta dias de governo com a irrecuperável marca de 38,9% de aprovação, um verdadeiro recorde de impopularidade em um prazo tão curto.

Na véspera do feriado de carnaval, Bolsonaro editou a MP 873 para dificultar o financiamento dos sindicatos. Uma atitude calculada pelos sábios de sua equipe que visa enfraquecer a luta contra o duro golpe a ser aplicado no brasileiro, conhecido também como “reforma” da previdência. Uma reforma que visa sugar ainda mais de quem trabalha e poupar os escolhidos do capitão e do capital.

Críticas a Bolsonaro ecoaram por todo o país.

Em Olinda, a tradição do “Entrudo” remete ao século XVII, a prática consistia em fazer grandes bonecos para desfilar com as pessoas. Em 2019, o boneco de Bolsonaro ouviu todos os palavrões que a língua portuguesa conhece, além de ser alvo de copos, latas, cuspes e outras coisas jogáveis.

Seu sangue continuou escorrer durante o carnaval, mas agora na avenida. As escolas (com destaque para a campeã do Rio, Mangueira, e Acadêmicos do Tuiutí) desfilaram, sambaram e revigoraram. Suas críticas e ironias deram um recado para nosso tempo, a resistência tem de ocorrer e deve ser tão bela quanto dura.

Desesperado por não poder controlar nas ruas, como faz nas redes, o infeliz tenta atacar os blocos buscando um filme pornográfico. A divulgação do trecho em questão revela muito sobre seu suposto conservadorismo, um conservador que francamente tem gostos cinematográficos que ruborizariam o próprio Marquês de Sade.

A elite vê com bons olhos o comportamento infantil do presidente libertino, pois por mais bizarro que este seja desvia o foco para coisas reais, como o saque do estado que se arquiteta nos bastidores.

Cá entre nós, o refúgio nas redes e nos filmes “pesadões” tem uma explicação também psicológica: o mundo real não é tão prazeroso, nele tem laranjas, milícias, depósitos, caixa dois, filhos, Bebiano, pobreza, desemprego, estagnação da economia…

Enquanto Bolsonaro brinca de presidente com seus mimados filhos, o brasileiro enfrenta a dureza de uma vida quase sem direitos, quase sem comida, quase sem serviços básicos, sem quase nada, e se pergunta: como posso mudar isso? A resposta vem do samba: é na rua, na avenida, é na união do povo que se muda, é na luta contra o obscurantismo, o autoritarismo, os retrocessos e a covardia que representa o governo Bolsonaro. É na rua que ele cai, como um boneco que parece grande, mas é oco.

 

 

 

About Rafael Pires de Mello

Rafael Pires de Mello é formado em filosofia pela UFPR, gosta de inutensílios como cinema,literatura,música e é claro o maior de todos, filosofia. Tem a tendência de chorar com música romântica quando bebe demais.