Foto: Amanda Parabelli/Reuters
O ódio bolsonarista está além do que se pode imaginar. O comportamento doentio dos integrantes desta massa demonstra que o pacto civilizatório do Brasil não se resolverá com as eleições, muito pelo contrário.
O que é Bolsonaro dentro desse fanatismo? O candidato é um político profissional, que aprende a surfar conforme vão “pintando os climas”, e conseguiu encabeçar e insuflar o ódio dessa parcela da população por falar o que queriam ouvir, mas os preconceitos, rancores e recalques já estavam ali, inclusive nele próprio. Como teve lugar de destaque em um contexto muito específico de descrença da política, o antigo deputado ganhou um lugar de líder. Apoiado pelos setores mais reacionários da sociedade, foi personificado como redentor, embora fajuto.
O comportamento do motoqueiro presidenciável como um aproveitador profissional se demonstra no eterno tentar aparecer a qualquer custo, a mendigar apoios e votos. Sempre com uma camiseta de time diferente, uma hora na maçonaria, outra com Valdemiro Santiago, com Silas Malafaia, o Véio da Havan e até mesmo com Sérgio Moro, a cópia feia do personagem Batoré, mas com paletó e sem humor.
Ao tentar se aproveitar de datas importantes do catolicismo, como é de seu costume, Bolsonaro foi vaiado no Círio de Nazaré, causando desconforto para a Igreja Católica e para si mesmo. A tentativa de roubar os holofotes de Nossa Senhora de Nazaré, sem capacete e sem noção, o candidato acabou por promover uma reação em cadeia.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu nota condenando o uso político da religião por qualquer candidato, isso fez com que os agentes do bolsonistão causassem uma cena deprimente no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, xingando padres e bispos, tumultuando o feriado nacional de 12 de outubro e a celebração da padroeira do Brasil.
A reação do bolsonarismo se alastrou, o deputado paulista Frederico d’Avila (PSL), irmão do candidato Felipe d’Avila (NOVO), usou a tribuna da Alesp para xingar o Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, e até o mesmo o Papa Francisco. Palavreado típico do esgoto bolsonarista como “vagabundo e pedófilo” deram o tom bélico do discurso.
No Paraná, missas foram interrompidas, o padre da capela Nossa Senhora do Carmo, em Fazenda Rio Grande, foi hostilizado por se manifestar contra a violência e as armas. Em São José dos Pinhais, também na Região Metropolitana de Curitiba, o padre Edson Espírito Santo Menezes foi interrompido, enquanto rezava a oração do Creio, por uma mulher que gritava que ele estava fazendo campanha para Lula (PT), quando o padre reforçava os argumentos do Papa contra a guerra.
O Bolsonarismo sempre direcionou sua intolerância religiosa às religiões de matriz africana, porém, agora, já compondo massa grande o suficiente parte para o ataque contra os católicos. Nem Padre Zezinho ficou de fora. Precursor dos padres cantores, escritor e líder religioso também foi hostilizado nas redes, chegando a abandonar suas páginas até o fim do segundo turno.
Provavelmente, essa espécie de seita que está se tornando o bolsonarismo vai além do próprio Bolsonaro, já não há mais a máscara dos valores, nem do combate à corrupção, somente uma cegueira fanática que justifica todas as aberrações propagadas por seu ídolo. Se ela vai mesmo além do próprio Bolsonaro, aparecerão outros. A exemplo de Hércules, lutando contra Hidra, deve-se cortar as cabeças e queimá-las para o resto morrer, a primeira delas deve ser queimada já no próximo dia 30, com a rejeição à Bolsonaro nas urnas para se ter força para derrotar as outras e, assim, o país tentar novamente um pacto de civilidade.
Importante que a liberdade religiosa seja respeitada no Brasil. Se eles atacam a igreja católica, que ainda concentra o maior número de fiéis no país, imagina o que podem fazer com as outras religiões.