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Banheiro unissex, uma Fake News que diz muito sobre quem a inventou

O fascismo, quando ascendeu na Itália, tinha o medo e o ódio como motores de propulsão e união. A dobradinha funcionava assim: o medo se espalhava e o pânico generalizado fazia com que pessoas comuns aceitassem as atrocidades em nome da segurança e de seus valores. O ódio direcionado a algum grupo criava o laço de união entre os iguais para combater o mal.

A velha receita italiana é largamente utilizada por líderes de extrema direita. No Brasil não é diferente, o fascismo jeca busca ressuscitar os preconceitos mais antigos e profundos utilizando o medo e, depois, o ódio.

O que muda é o tempero. As incontáveis Fake News do bolsonistão demonstram um nível de chorume capaz de envergonhar o vovô Mussolini. “Homenagem a Pablo Vittar no dia da mulher no senado”, “mamadeira de piroca”, “kit gay nas escolas”, “ideologia de gênero” e, agora, a não tão nova “banheiro unissex nas escolas”.

Em vários perfis nas redes sociais tem circulado a imagem acima com comentários do tipo “é isso que você quer?”, “Esse é o Brasil que queremos?”. A falsa notícia pega muita gente desprevenida e causa o efeito que pretende, medo e depois ódio. No entanto, ela não é nova, sua primeira versão era de que o PSOL tinha entrado com um pedido no STF para a obrigatoriedade dos banheiros unissex nas escolas. Na época, o partido disputava as eleições municipais. A outra versão da mesma Fake News dizia que Marcelo Freixo tinha topado se aliar a Eduardo Paes, em troca da secretaria de educação para poder implementar a ideologia de gênero e o banheiro unissex.

E o que diz a lei PL 5008/2020? O deputado federal David Miranda do PSOL- RJ elaborou um projeto de lei que visa proibir a discriminação baseada na orientação sexual ou identidade de gênero em banheiros públicos, vestiários e espaços de trabalho, com punição a agentes públicos que assim procedessem. Algo muito diferente do que colocar homens e meninas usando o mesmo banheiro e ao mesmo tempo. A PL se encontra ainda em tramitação. Não há, no plano de governo do ex-presidente Lula, nada em relação a esse tema.

As mentiras do bolsonarismo podem ser analisadas sob três ângulos diferentes: primeiro, elas são construções que visam espalhar o medo e criar um pânico moral, segundo, elas servem para mascarar o verdadeiro debate sobre o país como questões sociais, econômicas, soberania nacional e a miséria. O terceiro ângulo, muito mais sombrio, vai direto no subconsciente dos membros do gabinete do ódio, suas mentiras giram sempre em torno da sexualidade, da homossexualidade e da sexualização de crianças.  Cabe a pergunta: é só um apelo canalha à moral de pais e mães ou diz muito sobre desejos obscuros de seus criadores?

About Rafael Pires de Mello

Rafael Pires de Mello é formado em filosofia pela UFPR, gosta de inutensílios como cinema,literatura,música e é claro o maior de todos, filosofia. Tem a tendência de chorar com música romântica quando bebe demais.