Coluna Encantamentos Poéticos
Tão esplêndida
Tornou-se a vida
No tempo
Em que tudo
Era plausível de ser calculado.
O sonho das crianças
Que não podiam sonhar…
O trabalho precário dos professores
Impedidos de lutar…
A qualidade das escolas que nem mais giz e quadro
Tinham para ensinar.
Foi tão esplêndido
O tempo em que os números tornaram-se moeda
E passaram a ser trocados pela receita
De produzir a nova barbárie que surgia
No seio de tanta inovação.
Foi tão emocionante
Que o coração de muitos professores
Que amavam o trabalho
De transformar o mundo em um lugar melhor para se viver
Parou de bater para sempre.
Naqueles novos tempos
Acordavam sem rosto
Os professores adoecidos
Os estudantes evadidos
Os cientistas que com a vida coletiva
Estavam comprometidos
E os direitos conquistados
Que pouco a pouco
Iam sendo destruídos.
Sem rosto
E sem memória
Nascia a fábula
Do novo dia
Da nova história.
E foi então que os covens de bruxaria
Brotaram das periferias
Para desfazer o encantamento
Que se fazia a luz do dia.
E foi unindo
Quem caminhava junto
Mas nos olhos
Não se via
Que começou a brilhar o sol
O sol que fez nascer o novo dia.
Camila Grassi