Coluna Encantamentos Poéticos
Naqueles dias
Elas seguiam caminhando
Com passo firme
De quem tinha aprendido muito bem
A andar sobre as trevas.
O que estava putrefato
Pegavam-no com as próprias mãos
Cheiravam-no
Para conhecê-lo
Com a profundidade de suas almas.
Elas sabiam
Que conhecer bem as trevas
Seria preciso
Para transformar
O velho que não serve mais
Em vida nova.
Foi assim que iam aos poucos descobrindo
Que cabia à magia, como arte
O poder de transformar
A dor em amor
A morte em vida
E o acúmulo em criação.
Elas sabiam bem
O tempo de ficar e construir
O tempo de pousar
E o tempo de partir.
Suas almas eram do vento
E ele sussurrava em seus ouvidos
As preces certas, nos dias certos
Para renovar-lhes o fôlego bonito
De seus assovios.
E foi assim, que o tempo
Dava a elas mais força…
A força que existe na leveza do vento
A força que leva os perfumes ao espaço das coisas
A força de destruir e curar com um só sopro.
E era essa força
Que revelava
Serem elas mesmas
As filhas tão amadas do vento.
Camila Grassi