Cerca de 8 mil médicos que participam do Programa Mais Médicos devem deixar o Brasil até o dia 25 de dezembro. A saída dos médicos cubanos, anunciado pelo governo de Cuba depois de declarações dadas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), deve ter um grande impacto no atendimento aos povos indígenas. Segundo dados de 2017, 90% dos médicos que atuavam pelo programa em áreas indígenas eram cubanos. Os números são do monitoramento do Mais Médicos feito pela Organização Panamericana de Saúde (Opas) e pela Organização Mundial de Saúde.
Os indígenas que vivem em aldeias têm atendimento médico por meio da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) que é responsável por coordenar e executar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e todo o processo de gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) no Sistema Único de Saúde (SUS).
Essa população, que sempre teve um atendimento precário em saúde, recebe assistência de 321 médicos, segundo a Opas. Destes, 289 são cubanos. Os profissionais estão divididos entre os 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) e atendem, ao todo, 642 mil pessoas. O Ministério da Saúde considera que existem 818 mil indígenas no Brasil, 758 mil deles distribuídos em 5.366 aldeias. O Mais Médicos é considerado fundamental para o atendimento a esta população, pois aumentou em 79% o número de médicos que atuam nos DSEIs.
O presidente eleito, que estabeleceu uma série de condições para a atuação dos médicos cubanos no país, deverá deixar cerca de 24 milhões de brasileiros sem nenhum tipo de assistência à saúde; para garantir a cobertura integral no Programa Saúde da Família, o Governo brasileiro terá que contratar quase 10 mil médicos em poucos meses, o que aumenta a pressão feita por prefeituras de todo por uma resposta rápida quanto ao futuro do programa.
Matérias relacionadas: https://paragrafo2.com.br/2018/11/04/indigenas-ocupam-secretaria-contra-corte-de-recursos-para-saude/
https://paragrafo2.com.br/2018/10/30/indigenas-ocupam-sesai-em-curitiba/
https://paragrafo2.com.br/2018/05/15/hoje-nossos-inimigos-mandam-na-funai/