O Bolsonarismo como ele é…

Nos textos de “A vida como ela é”, Nelson Rodrigues, dramaturgo assumidamente de direita, denunciava as mazelas humanas, mas sem querer desnudava muito mais do que suas personagens, ele deixava em pelo a sordidez da burguesia carioca.

Com o Bolsonarismo, o Brasil vê a mesma coisa, mas sem precisar recorrer a Nelson Rodrigues. Desde que sequestrou o anti-petismo lavajatista, ressuscitando e inflando o que há de mais horroroso em termos de reacionarismo, ignorância e preconceito em nossa sociedade, o foragido mostra, às claras, o câncer social que representa. Seguindo a mesma característica da extrema direita na história, Bolsonaro e sua gangue não governaram, vieram somente para destruir tudo o que se pode conceber como Brasil. Todos os desmontes do Estado Brasileiro feitos pelo Mussolini tropical, até os assassinatos cometidos em seu nome durante a campanha, demonstram que a coisa não termina por aqui.

Os ataques do último domingo (08) mostram que a violência e a barbárie dessa gente está em outro patamar e com outro nível de organização. A ideia era tumultuar e criar caos, ou seja: o plano de governo de Bolsonaro continua.

Destruir o palácio, causando enorme prejuízo ao dinheiro do contribuinte é grave, mas reparável. O que não se pode reparar são as inúmeras obras de arte, como a tela de Di Cavalcanti esfaqueada, um relógio do século XVII que fora dado a Dom João VI, além de outras tantas peças destruídas. A destruição das obras de arte representa o fundo do poço que é o bolsonarismo, uma gente inimiga das artes e da cultura brasileira e isso não é de agora.

Os que se diziam patriotas, nacionalistas são os maiores destruidores dos símbolos nacionais e isso também não é de agora. Durante todo o mandato, o pior presidente da história brasileira sempre incentivou a destruição. Desde as badernas feitas em Aparecida, com ofensas a líderes religiosos, o bolsonarismo vem ganhando braços, pernas, armas e financiamento.

O poder público deve ficar atento, pois ainda há outros patamares para o fascismo jeca ascender. Em Brasília, os ataques não foram frutos da massa desmiolada cultivada à capim e chorume das redes sociais, mas foram coordenados e não teriam êxito sem três coisas básicas: grande financiamento, planejamento e participação de agentes públicos de várias esferas. Depois da massa de manobra patriótica ser descartada, o que restará do bolsonarismo? Policiais e outros agentes da segurança pública radicalizados, formando milícias armadas e prontas para a violência generalizada?

O bolsonarismo é o fascismo organizado e está a um passo de trocar as defecações no STF por ataques sistemáticos e bem mais violentos, é por isso que o bolsonarismo não é uma ideologia política, mas uma associação criminosa e, dessa forma, deve ser combatido. O combate a essa imensa quadrilha, no entanto, só pode ser efetivado se houver mudanças radicais: controle civil das polícias e sua desmilitarização, prisão e apreensão dos bens dos financiadores e expurgo imediato dos agentes públicos que são parte do bloco dos horrores, caso contrário, somente será travada uma luta sem fim contra fanáticos e patéticos caricatos.